A ala ligada ao presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), acusa o Palácio do Planalto de traição e prepara nova lista para retomar a liderança do partido na Câmara dos Deputados, com o deputado Delegado Waldir (GO).
— O governo traiu o acordo. Agora, segue o jogo — disse à reportagem o deputado Junior Bozzella, ligado a Bivar.
O grupo deve, agora, trabalhar pela suspeição do deputado Eduardo Bolsonaro (SP) do partido.
De acordo com Bozzella, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, ligou para Bivar na manhã desta segunda-feira (21) pregando a pacificação. Em seguida, no entanto, "descumprindo o acordo", segundo Bozzella, Eduardo apresentou uma lista à Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara para assumir a liderança do PSL na Casa.
Em nome desse acordo, Waldir chegou a entregar o cargo de líder do partido na Câmara.
O anúncio da desistência das suspensões e do cargo de líder foi feito por meio de um vídeo caseiro gravado pelo próprio Waldir na manhã desta segunda-feira, no qual se pode notar que ele lê uma mensagem pronta. O material foi divulgado por sua assessoria de imprensa.
— Venho a público fazer um esclarecimento, o meu partido, o PSL, decidiu retirar a ação de suspensão de cinco parlamentares. E aceitamos democraticamente uma nova lista que foi feita por parlamentares. Já estarei à disposição do novo líder para de forma transparente passar para ele toda a liderança do PSL — disse o deputado.
Ao falar que as suspensões foram desfeitas, Waldir se refere à decisão tomada na semana passada pelo comando do partido. Bivar anunciou a suspensão de cinco deputados ligados ao presidente — Bibo Nunes, Carlos Jordy, Alê Silva, Carla Zambelli e Filipe Barros. O objetivo da manobra era impedir que eles representassem a legenda em qualquer atividade na Câmara, incluindo a votação para líder da bancada.
O deputado, que na semana passada foi gravado dizendo que poderia implodir o presidente Jair Bolsonaro, não faz nenhuma menção direta ao seu nome, mas manda um recado para o Palácio do Planalto ao dizer que o Poder Executivo não pode interferir no Legislativo.