Com receio de defecções, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) desistiu de apresentar nesta terça-feira (3) o pedido de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Vieira tinha reunido 27 assinaturas, o mínimo exigido para abertura de uma comissão de inquérito, mas foi avisado de que alguns dos signatários estavam dispostos a retirar o apoio.
Nos bastidores do Senado, a informação era que Maria do Carmo Alves (DEM-SE) e Selma (PSL-MT) estariam sob pressão de setores do Judiciário. Selma reafirmou o apoio à CPI, mas o silêncio de Maria do Carmo levou os entusiastas da investigação a retardar o pedido e buscar mais apoio.
— Vamos aguardar mais um pouco. A ideia é fazer um esforço e conseguir pelo menos mais três assinaturas para ter uma margem de folga — diz o senador Lasier Martins (Pode-RS), um dos líderes do movimento Muda Senado, Muda Brasil, idealizador da CPI.
Apesar da mobilização, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já avisou que não vai deixar a investida prosperar. Alcolumbre arquivou dois pedidos semelhantes nos últimos meses e tem se apresentado como fiador do chamado "equilíbrio institucional" cujo objetivo é preservar a harmonia entre os poderes.
Desta vez, o requerimento cita expressamente o presidente do STF, Dias Toffoli, como um dos alvos. A justificativa é a instauração do inquérito, aberto por ofício pelo ministro, para investigar fake news e ataques à honra dos membros do tribunal. Os senadores, porém, também miram em Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
No final da tarde, Gilmar Mendes expediu ofício ao Senado, dando prazo de 10 dias para que Alcolumbre explique por que não instalou a CPI. A decisão foi tomada em resposta a um mandado de segurança ajuizado pelo senador Jorge Kajuru (Patriota-GO).