O vice-presidente Hamilton Mourão estava em Porto Alegre, falando justamente sobre Venezuela, quando os EUA anunciaram nova e forte rodada de sanções àquele país. O presidente norte-americano, Donald Trump, congelou todos os ativos do governo venezuelano em seu país, medida que não era aplicada a um país do Ocidente há pelo menos três décadas.
A decisão proíbe transações com as autoridades venezuelanas cujos ativos estejam bloqueados. Veta ainda a concessão ou recepção de "qualquer contribuição ou provisão de fundos, bens ou serviços por ou para o benefício de qualquer pessoa cujas propriedades e interesses estejam bloqueados".
Coincidência ou não, Mourão palestrava no lançamento do livro de um amigo, o professor de Relações Internacionais Marcelo Suano, intitulado "Como destruir um país - uma aventura socialista na Venezuela". E aproveitou para comentar as novas sanções. Ele acredita que a comunidade internacional tem de buscar solução, tem de dialogar, mas tudo mesclado com pressões.
— Hoje os Estados Unidos aumentaram esse calor e nós, do Brasil, estamos cumprindo a partir de agora o que foi acordado na reunião do Grupo de Lima (Peru) em janeiro: que todo país tenha uma lista daqueles elementos do regime venezuelano que estão enquadrados em crimes contra a humanidade e também de corrupção e do roubo dos recursos do povo da Venezuela. O Chile e a Argentina já tinham essa lista, gente que não poderia entrar lá, nós agora finalmente conseguimos concretizar a nossa. E essa turma não vai poder sair da Venezuela para vir para cá para o Brasil, gastar o dinheiro que roubaram do povo venezuelano.
Mourão disse que sanções fazem parte do conjunto de medidas que a comunidade internacional pode fazer no sentido de provocar uma saída democrática. Ele descartou intervenção militar e disse que a saída será encontrada pelo próprio povo venezuelano. O vice-presidente aproveitou para criticar o apoio de parte da esquerda brasileira ao regime bolivariano da Venezuela.
— E quando se fala em democracia não é aquela de certa esquerda extremada, para quem essa palavra é mero slogan para a dominação do país. Na Venezuela, os esquerdistas se utilizaram de instrumentos como eleições e plebiscitos para mudar o país e tudo chegar onde chegou, ao autoritarismo.
General da reserva do Exército, Mourão aproveitou para dar um recado a seus ex-colegas de farda, que lotaram o auditório da Fiergs onde ocorreu o lançamento do livro: moderação.
— Fora da democracia e com Forças Armadas comprometidas com ela não existe solução. Isso na Venezuela e em qualquer lugar.