Bem à vontade entre os militares, o presidente Jair Bolsonaro subiu em duas máquinas, colocou um chapéu camuflado e parou para tirar fotos com o grupamento que trabalha na duplicação de dois lotes da BR-116 entre Guaíba e Tapes. Chegou às 11h32min no km 328 da rodovia federal, em Barra do Ribeiro, depois de inaugurar 47 quilômetros de asfalto em cerimônia realizada em Pelotas.
Desceu do helicóptero, andou de carro por cerca de dois quilômetros conhecendo a obra e caminhou mais 300 metros em direção aos cerca de 30 apoiadores que o esperavam debaixo de mau tempo. Sorridente, conversou com uma moradora do entorno. Terezinha Gessy Bednarek, 64 anos, depende de uma cadeira de rodas para se locomover e se mostrou fã do presidente.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) trancou a BR-116 nos dois sentido durante a permanência de Bolsonaro à margem da rodovia. Enquanto isso, militares que estavam pelo percurso estendiam a mão para cumprimentar o presidente. A alegria transbordava quando ele decidia subir nas máquinas perfiladas no percurso, como aconteceu duas vezes. A chuva fina que caía naquele momento ficou relegada a segundo plano. O que todos queriam era estar próximo do capitão reformado e alçado ao posto político mais alto do país.
Embora não estivessem previstas falas em Barra do Ribeiro, dois microfones foram instalados em frente ao local delimitado para a impressa, sob uma estrutura de lona. Bolsonaro, como costuma fazer, quebrou o protocolo e deu entrevista de aproximadamente 10 minutos. Começou repetindo parte do pronunciamento feito em Pelotas, onde falou que a Argentina pode ser a nova Venezuela com a possível eleição de Cristina Kirchner à vice-presidência. Afirmou ser contra a volta da CPMF e que consultará a população caso essa possibilidade avance. Sobre a BR-116, disse que as obras só estão andando porque esse é um "governo que não está roubando".
Perguntado sobre uma estimativa de retomada do crescimento da economia, citou diferentes ações que estão sendo tomadas pelo governo, como a edição da medida provisória da liberdade econômica — que está prestes a ser votada na Câmara —, liberação para saque de parte do FGTS e a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas.
— Estamos fazendo de tudo, mas a economia não é uma canoa que com uma remada vai para um lado ou para outro. É um transatlântico — comparou.
O presidente disse, ainda, que "consultou muita gente" antes de tomar a decisão de suspender o uso de radares móveis e que só não fez o mesmo com os equipamentos fixos porque está com "um problema na Justiça" que o impede. Destacou que o "presidente da República é o chefe supremo das forças armadas e também das polícias", quando questionado se a direção da Polícia Rodoviária Federal (PRF) concordava com a medida.
Bolsonaro encerrou a entrevista respondendo se tinha outro nome para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos caso o nome de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, seja reprovado pelos senadores.
— A embaixada, por enquanto, chama Eduardo Bolsonaro — disse.
E continuou:
— A amizade com a família Trump é um grande passo. Vamos tocar o barco. Ele sabe fritar hambúrguer e entregar pizza muito bem. Também é policial federal concursado, tem a carteirinha da OAB, é o deputado mais votado da história do Brasil. Tem isso do lado dele. E é filho do JB — concluiu.