O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou nesta sexta-feira (26) a investigação que prendeu suspeitos de hackear celulares de autoridades brasileiras. Para o magistrado, houve "precipitação" do ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, ao afirmar que as mensagens capturadas pelo grupo preso pela Polícia Federal (PF) seriam destruídas.
Na quinta (25), foi noticiado que Moro já estava avisando as vítimas de hackers sobre a destruição do material. No mesmo dia, contudo, a PF informou que preservará o "conteúdo de quaisquer mensagens que venham a ser localizadas" pela Operação Spoofing e que caberá à Justiça definir o destino delas.
— Palmas à Polícia Federal (…) Para mim, houve uma precipitação de que ele (Moro) destruiria ou a polícia destruiria. Não cabe a destruição (do material) — disse Marco Aurélio em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
— Nós temos no ar, no cenário nacional, um ilícito. E o ilícito gera consequências, que pressupõe elementos para se chegar a ela — completou.
Ouça a entrevista:
O inquérito instaurado pela PF investiga ataques a celulares de diversas autoridades, dentre elas o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Sergio Moro e Paulo Guedes. Além disso, a corporação estima que cerca de mil números tenham sido alvo do grupo que, de acordo com os investigadores, atuaria em fraudes bancárias e cartões de crédito.
— O desgaste é enorme e repercute sem dúvida alguma na magistratura. É muito mal o quadro, é muito ruim. Eu vejo com péssimos olhos — comentou Mello.
O ministro comentou ainda a decisão do colega Dias Toffoli, presidente do STF, que suspendeu todas as investigações que tenham como base dados sigilosos compartilhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização prévia da Justiça. Marco Aurélio defendeu que o tema seja colocado em pauta na abertura do segundo semestre judiciário, no dia 1º de agosto.