O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, irá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (19) para dar explicações sobre o vazamento de conversas suas com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava-Jato.
Reportagens do site The Intercept Brasil revelaram mensagens em que os dois trocavam informações sobre ações da Lava-Jato e sugerem que Moro pode ter interferido na atuação da Procuradoria. Na época dos diálogos, Moro era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos ligados à operação.
A iniciativa de ir à CCJ veio do próprio ministro, em uma tentativa de acalmar os ânimos e evitar a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI).
Veja 10 perguntas sobre o caso que Moro ainda não respondeu:
- Inicialmente, o ministro não negou a autoria das mensagens divulgadas, mas, em seguida, adotou o discurso de que não poderia dizer se aqueles diálogos de fato aconteceram. Por que mudou de versão?
- O ministro tem as mensagens arquivadas para que possam ser comparadas às agora divulgadas pelo site The Intercept Brasil?
- O ministro vai determinar que a Polícia Federal investigue o teor das mensagens para saber se de fato são autênticas? E, considerando que a PF é ligada ao Ministério da Justiça, pasta controlada por Moro, não há risco de conflito de interesses e questionamentos sobre a parcialidade da investigação?
- Moro disse ter sido um descuido não ter formalizado à Procuradoria a sugestão sobre uma testemunha no caso Lula. O ministro também teve esse descuido e encaminhou dicas para a defesa do ex-presidente Lula?
- O ministro antecipou decisões também para a defesa do ex-presidente ou apenas para o Ministério Público? Pode citar algum caso?
- As mensagens indicam uma colaboração entre Moro e o Ministério Público. Durante todo o processo do triplex de Guarujá, o ministro considera ter mantido uma distância equivalente entre as partes, como determina o Código de Ética da Magistratura?
- Por que disse confiar no ministro Luiz Fux?
- Nas mensagens, o ministro demonstra não confiar em outros ministros do Supremo. Qual era a desconfiança?
- Ao tratar da divulgação das interceptações entre Lula e Dilma, Moro afirmou em entrevista que o mais importante era o conteúdo. Por que mudou de ideia, já que agora diz que o mais significativo é a forma com que as conversas foram capturadas?
- O projeto inicial de 10 medidas anticorrupção previa a possibilidade de uso de provas ilegais desde que obtidas de boa-fé. O ministro mantém essa opinião?