O presidente Jair Bolsonaro manteve o silêncio sobre o vazamento de mensagens do ministro Sergio Moro e encerrou uma entrevista coletiva ao ser questionado sobre o assunto nesta terça-feira (11) em São Paulo.
Bolsonaro finalizou a coletiva quando uma repórter perguntou como ele avaliou "as questões envolvendo o ministro Sergio Moro".
— Tá encerrada a entrevista — disse o presidente, depois de responder a perguntas de jornalistas sobre a reforma da Previdência.
Bolsonaro estava ao lado do governador João Doria (PSDB), com quem se reuniu em uma sala do aeroporto de Congonhas para falar sobre mudanças no sistema de aposentadorias.
Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a troca de mensagens entre o ex-juiz Moro e o procurador Deltan Dallagnol, quando ambos atuavam na Operação Lava-Jato.
O conteúdo, divulgado no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil, demonstra colaboração entre o então magistrado e procuradores do Ministério Público Federal envolvidos na investigação.
Bolsonaro se encontrou com Moro na manhã desta terça em Brasília, mas não comentou o caso revelado pelo site. O ex-juiz foi condecorado pelo presidente em um evento da Marinha.
Antes da solenidade, os dois conversaram por cerca de 20 minutos no Palácio da Alvorada. O encontro não estava previsto inicialmente na agenda oficial deles.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública se pronunciou só por meio de nota, dizendo que Moro e Bolsonaro tiveram uma conversa "tranquila" sobre "a invasão criminosa" de celulares de juízes, procuradores e jornalistas.
Segundo o texto enviado pela assessoria de imprensa, "o ministro rechaçou a divulgação de possíveis conversas privadas obtidas por meio ilegal e explicou que a Polícia Federal está investigando a invasão criminosa".
Após a publicação das reportagens, a equipe de procuradores da operação divulgou nota chamando a revelação de mensagens de "ataque criminoso à Lava Jato".
A Polícia Federal tem ao menos quatro investigações abertas para apurar ataques de hackers em celulares de pessoas ligadas à Operação Lava-Jato, em Brasília, São Paulo, Curitiba e Rio. Uma das suspeitas é a de que os invasores tenham conseguido acesso direto a aplicativos de mensagens dos alvos, sem precisar instalar programas para espionagem.