Ex-defensor público da cidade, Bill de Blasio é o primeiro democrata a governar Nova York desde 1993, rompendo a tradição republicana iniciada por Rudolph Giuliani. Em 2013, De Blasio se elegeu com mais de 70% dos votos com promessas de reformas no sistema de Justiça municipal e foco em programas de habitação. Em 2017, reelegeu-se com 66% dos votos.
O nome de De Blasio tem chamado a atenção no Brasil pelas declarações que tem feito sobre Jair Bolsonaro – o presidente cancelou a viagem que faria aos Estados Unidos para receber uma homenagem. A antipatia do americano pelo brasileiro leva em conta o argumento do "diga-me com quem andas e te direi quem és". De Blasio troca farpas com frequência com Donald Trump, de quem Bolsonaro é admirador, sobretudo em questões relacionadas à imigração. A eleição de Trump, em 2016, fortaleceu Blasio, que se tornou um nome forte na oposição à Casa Branca:
— Se você não gosta do que vê em Washington, mande uma mensagem a Washington com seu voto. Esta cidade (Nova York) desafiou Donald Trump desde o começo — disse Blasio na campanha à reeleição no ano seguinte.
O prefeito já incentivou protestos contra a deportação de imigrantes em frente à Trump Tower, em Nova York, e já ameaçou processar o presidente quando ele ameaçou cortar verbas de municípios que não apoiassem o endurecimento das leis de imigração.
Além de Trump, Blasio é duro crítico de Steve Bannon, estrategista político apontado como mentor da candidatura Trump e que, posteriormente, foi assessor do presidente na Casa Branca. Bannon também aconselhou Bolsonaro na campanha de 2018 e Matteo Salvini, nome de destaque da extrema-direita italiana.
Embora seu nome ainda desperte pouco interesse do eleitorado democrata, o nome de De Blasio é cogitado para concorrer às eleições presidenciais de 2020, o que explica um pouco da sua língua solta em questões internacionais, como a homenagem a Bolsonaro. O jornal Daily News publicou na sexta-feira (3) que De Blasio pode anunciar sua candidatura à Casa Branca já na próxima quarta-feira (8), dia em que completa 58 anos.
Embora uma possível candidatura tenha um longo e tortuoso caminho de primárias dentro do partido democrata a ser percorrido, esse hipótese deixaria Bolsonaro em uma posição curiosa. Se hoje o presidente norte-americano é visto como um parceiro e uma fonte de inspiração, seu possível concorrente no ano que vem seria um adversário declarado do presidente brasileiro desde já.
Democrata de esquerda, De Blasio assumiu a prefeitura de Nova York com a promessa de colocar em prática uma administração progressista. Nesta ala, é criticado por alguns grupos por não ter feito o suficiente. Já seus opositores não esquecem de que De Blasio foi pró-sandinista durante seus anos universitários. Em 1988, ele foi para a Nicarágua durante 10 dias para ajudar a distribuir alimentos e medicamentos durante a revolução sandinista.