O ex-motorista e ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) Fabrício Queiroz pagou uma cirurgia feita no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com dinheiro vivo. De acordo com o jornal O Globo, Queiroz enviou R$ 64 mil em espécie para o hospital.
Na nota fiscal obtida pela TV Globo, o valor da despesa aparece como R$ 86 mil. Um desconto de R$ 16 mil, equivalente a 20%, é apresentado. O total ficou em R$ 70 mil. Outros R$ 5.420 foram quitados via cartão de crédito, de acordo com um advogado de Queiroz, enquanto R$ 64 mil foram pagos em dinheiro vivo .
Fabrício Queiroz foi internado no hospital em dezembro de 2018 para a retirada de um câncer no cólon. A cirurgia foi usada pelo ex-assessor como justificativa para não se apresentar ao Ministério Público do Rio de Janeiro para prestar depoimento. Os pagamentos foram feitos em 14 de fevereiro.
O advogado de Queiroz, Paulo Klein, comentou ao portal G1 que ele não cometeu qualquer crime ao pagar em espécie os valores. O hospital Albert Einstein informou que não comenta pagamento de pacientes.
O defensor afirmou ainda que o dinheiro estava guardado para quitar negócios imobiliários e que vê com naturalidade o fato de o Ministério Público investigar a origem dos recursos. Segundo o advogado, a comprovação dos pagamentos com recursos próprios e dentro da capacidade econômica de seu cliente reforçam que Queiroz não cometeu crime.
Relembre o caso
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Segundo o Coaf, as transações são "incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional" do ex-assessor.
Em 2016, Queiroz fez 176 saques em espécie. O policial chegou a realizar cinco saques no mesmo dia, somando mais de R$ 18 mil. No total, as retiradas chegaram a mais de R$ 300 mil.
Oito funcionários ou ex-funcionários do gabinete de Flavio Bolsonaro realizaram repasses para Queiroz. Sua mulher e duas filhas são citadas no relatório. O nome de uma delas, Nathalia, aparece no documento ao lado do valor de R$ 84 mil, mas não há detalhes sobre estes repasses.
Nathalia trabalhou como assessora de Flavio e, posteriormente, no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara. Conforme revelou a Folha de S.Paulo, ela atuava como personal trainer no Rio no mesmo período.