O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais na noite desta quinta-feira (23), que o Senado deve manter o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, conforme foi definido pela Câmara dos Deputados.
A decisão foi uma derrota para o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que queria o controle do órgão e motivou Bolsonaro a mudar a configuração das pastas para fazer isso. A Medida Provisória (MP) 870, que alterou os ministérios do governo, precisa ser aprovada no Senado até o dia 3 de junho para não perder a validade.
— A MP 870 foi aprovada, a Coaf continua no Executivo, sem problema nenhum, deve ser votada na semana que vem no Senado, e no meu entender deve aprovar o que foi votado na Câmara dos Deputados e vamos seguir com pautas mais importantes — afirmou o presidente.
Mais cedo, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), defendeu que o resultado seja modificado na Casa, com a permanência do Coaf no Ministério da Justiça.
Bolsonaro também lembrou que a bancada do PSL tem vários deputados de primeiro mandato, o que pode dificultar o trabalho do governo na Câmara.
— A bancada do PSL tem parlamentares bastante novos. Alguns ainda acham que tem de ganhar todas. A gente vai perder alguma votação, sem problema nenhum, quem tiver mais votos leva. Agora, a gente não vai atrapalhar votações — complementou.
Mais cedo, o ministro Sergio Moro afirmou que "lamentava o ocorrido", mas que a forma com a qual perdeu a votação "também tem relevância".
"Sobre a decisão da maioria da Câmara de retirar o Coaf do Ministério da Justiça, lamento o ocorrido. Faz parte da democracia perder ou ganhar. Como se ganha ou como se perde também tem relevância. Agradeço aos 210 deputados que apoiaram o MJSP (Ministério da Justiça) e o plano de fortalecimento do Coaf", escreveu Moro.
Nas últimas semanas, a articulação política do Palácio do Planalto vinha negociando com os partidos do chamado centrão a permanência na Justiça da estrutura responsável por prevenir crimes de lavagem de dinheiro.
Na tentativa de reverter o resultado da Câmara, parlamentares bolsonaristas iniciaram uma articulação para reverter o resultado no plenário do Senado, movimento capitaneado por Bezerra. O presidente ressaltou que o Poder Legislativo tem "autoridade" e "legitimidade" para tomar as suas posições.