O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (8) que a decisão sobre uma eventual invasão militar da Venezuela partiria dele, mas que o Congresso brasileiro e o Conselho de Defesa Nacional seriam previamente consultados.
— Vamos supor que haja uma invasão lá (na Venezuela). A decisão vai ser minha, mas eu vou ouvir o Conselho de Defesa Nacional, e depois o Parlamento brasileiro, para tomar a decisão de fato — disse ele em entrevista à Rádio Jovem Pan.
Bolsonaro afirmou entretanto que a vanguarda do processo é dos Estados Unidos e que o presidente americano, Donald Trump, lhe repetiu durante a visita a Washington que "todas as possibilidades estão na mesa" em relação à crise da Venezuela.
— O que são todas as possibilidades? Todas as possibilidades, ponto final — disse.
O Conselho de Defesa Nacional é um órgão subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional, este com status de ministério e chefiado pelo general Augusto Heleno — ele se declarou contra uma ação militar em 2018, posição predominante entre os militares que integram o governo.
A declaração do presidente contrasta também com o posicionamento do vice-presidente Hamilton Mourão, que tem repetidamente descartado a medida.
Para Bolsonaro, o apoio das Forças Armadas venezuelanas é o que sustenta o regime de Nicolás Maduro. Entre os que mantêm o ditador no poder, estariam narcotraficantes, cubanos e milícias, afirmou o presidente.
— Nós não podemos deixar aquilo se transformar em uma nova Cuba, ou até mesmo em uma Coreia do Norte. Depois como você vai resolver esse assunto? — disse.
— A intenção dos americanos e a nossa também é haver uma fissura, uma divisão no Exército venezuelano. Não tem outro caminho.
Bolsonaro relembrou a cerimônia do 211º aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais do início de março em que disse que "democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Força Armada (de cada país) assim o quer".
— Falei há um tempo atrás e fui criticado, quem decide quem vai viver em uma ditadura ou uma democracia é suas Forças Armadas. O que está mantendo o Maduro em pé? Quem mantinha o Chávez em pé? O Exército da Venezuela. Assim é em qualquer lugar do mundo.
O presidente afirmou ainda que uma guerra contra a Venezuela seria diferente de uma invasão militar por causa da participação de guerrilhas.
— A topografia permite isso. A gente vai ficar quanto tempo lutando em uma situação como essa? — disse.
Como alternativa, Bolsonaro afirmou que a pressão de um embargo econômico poderia ser suficiente para derrubar o regime chavista.
O presidente também avaliou positivamente a tentativa de levar ajuda humanitária à Venezuela, já que índios e parte da população se voltaram contra o regime depois do episódio, segundo ele.