A organização internacional de ajuda humanitária Cruz Vermelha doou, neste final de semana, quatro toneladas de medicamentos e equipamentos para um hospital na Venezuela. A ação foi iniciada com a visita do presidente do Comitê Internacional da instituição, Peter Maurer, ao país. A viagem irá durar cinco dias, tendo previsão para encerramento na próxima quarta-feira (10).
Em sua conta no Twitter, Maurer informou que o grupo conheceu o trabalho do Hospital Ruiz y Paez, localizado em Ciudad Bolívar, capital do estado de Bolívar, que faz fronteira com o Brasil. A unidade hospitalar pertence à rede pública de saúde venezuelana.
— Nós trouxemos quatro toneladas de medicamentos e equipamentos ao hospital, para ajudar a sanar a lacuna, para que aqueles que se encontram em necessidade sejam imediatamente tratados — disse Maurer, ontem, na rede social.
— O sistema de saúde está sobrecarregado: a malária, que já havia sido erradicada, agora retornou; suprimentos médicos agora estão em falta — complementou.
No dia 29 de março, ao anunciar a iniciativa, a Cruz Vermelha comunicou que, além de oferecer antibióticos, kits cirúrgicos e geradores elétricos para hospitais, contribuirá com provisões de alimentos aos venezuelanos.
A entrada de alimentos e medicamentos na Venezuela tem sido um dos temas centrais na disputa política entre o governo de Nicolás Maduro e o líder da oposição, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país, em 23 de janeiro.
Em 23 de fevereiro, Nicolás Maduro impediu a entrada de toneladas de alimentos, remédios e itens de primeira necessidade enviados pelos EUA pelas fronteiras de Brasil e Colômbia. Maduro alegou que a tentativa de fazer entrar os pacotes de ajuda humanitária era uma "desculpa" para uma intervenção militar com o objetivo de derrubá-lo.
A dificuldade de acesso a alimentos tem levado venezuelanos a colocar suas próprias vidas em risco. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), muitos deles têm cruzado o rio Táchira para chegar à Colômbia onde pedem amparo. A travessia se tornou uma alternativa após o fechamento da Ponte Internacional Simón Bolívar.
De acordo com a ONU, 45 mil venezuelanos vão, diariamente, ao país vizinho. A entidade internacional calcula que, em 2018, mais de 250 mil venezuelanos pediram asilo em outros países, a maioria em nações latino-americanas. Ao todo, estima-se que 1,3 milhão de refugiados e migrantes venezuelanos tenham sido beneficiados por outras formas legais de permanência na região.
Brasil
Mais de 240 mil venezuelanos entraram no Brasil desde 2017 e quase a metade deles já saiu do país. Cerca de 160 mil foram regularizados até o momento, seja pela solicitação de refúgio (59%) ou por meio de um visto de residência temporária (41%).
Por meio da Operação Acolhida, mais de 5,2 mil refugiados e migrantes venezuelanos foram transferidos de Roraima para outros estados, segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) .
A fronteira do Brasil com a Venezuela foi fechada no dia 21 de fevereiro, por orientação do presidente Nicolás Maduro.