O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nesta quinta-feira (7) o governo dos Estados Unidos de usar uma "crise humanitária inexistente" como "desculpa" para justificar uma eventual invasão militar no país petroleiro.
Ao ler uma carta que espera que seja assinada por 10 milhões de pessoas contra a "ingerência" de Washington, em um ato na Praça Bolívar de Caracas, Maduro acusou a Casa Branca de armar uma "coalizão internacional" para "cometer a grave loucura de intervir militarmente na Venezuela sob a falsa desculpa de uma crise humanitária inexistente".
A declaração coincide com a chegada de ajuda humanitária enviada por Estados Unidos à cidade colombiana de Cúcuta, fronteira com a Venezuela, liderada pelo opositor Juan Guaidó, chefe do Parlamento e reconhecido como presidente interino do país petroleiro por cerca de 40 governos da América e Europa. No entanto, o mandatário, que cortou relações diplomáticas com os Estados Unidos por reconhecer Guaidó, não se referiu diretamente a esses primeiros carregamentos de alimentos e remédios, em escassez aguda.
Na quarta-feira (6), Maduro qualificou essa ajuda como um "show barato", negando-se a aceitar que passe pelas fronteiras, enquanto Guaidó pedia aos militares que permitissem o cruzamento.
— Nem com show, nem com golpes fracassados, nem com ameaças de intervenção, nem com agressão diplomática, nunca puderam nem poderão conosco! — disse o presidente.
O governo iniciou na quarta-feira, na Praça Bolívar, a coleta de assinaturas em apoio ao texto. A carta atribui a grave crise econômica venezuelana a um "bloqueio comercial e financeiro criminoso", em um momento em que o governo de Donald Trump impôs fortes sanções contra a Venezuela e sua estatal petroleira PDVSA.
— Vamos até a Casa Branca levar mais de 10 milhões de assinaturas exigindo respeito (...) Chamo a assinarem na Venezuela e além. No mundo inteiro — expressou após ler a carta.
O mandatário afirmou ter coletado 10 milhões de assinaturas em 2015 contra o decreto do ex-presidente Barack Obama que declarou a Venezuela uma ameaça "incomum e extraordinária" à segurança dos Estados Unidos.