O estudo da Human Rights Watch divulgado mundialmente nesta quinta-feira revela que o êxodo venezuelano para países fronteiriços, como Colômbia e Brasil, tem sobrecarregado o sistema de saúde dessas nações. Segundo a entidade, mais de 3,4 milhões de migrantes cruzaram as fronteiras.
No Brasil, o Estado mais impactado pela migração é Roraima. Lá, segundo a ONG de direitos humanos, mais de 10 mil casos de sarampo foram confirmados de 2018 até janeiro deste ano – não havia casos confirmados desde 2015. Conforme o estudo, 61% das ocorrências de sarampo em Roraima são registradas em cidadãos venezuelanos.
Os casos de malária entre os migrantes também aumentaram de 1.260 em 2015 para 4.402 em 2018 no Estado. Segundo o estudo, 60 venezuelanos apresentaram tuberculose entre janeiro e dezembro de 2018 em Roraima – mais do que a soma de casos entre 2013 e 2017 (32 casos).
Trabalhadores do sistema de saúde que cruzaram as fronteiras contaram aos pesquisadores que a ajuda humanitária que já chegou à Venezuela não é suficiente e que as autoridades do país dificultam o acesso aos pacientes. Segundo médicos da região ouvidos pela ONG, “os venezuelanos já chegam muito doentes, e é mais difícil tratá-los devido à má nutrição”.
A Human Rights Watch faz uma série de recomendações aos governos de Colômbia e Brasil:
— Manter e garantir o acesso à serviços de saúde adequados, de acordo com a obrigação internacional de proteger o direito à saúde a migrantes e refugiados;
— Monitorar os dados de saúde e colaborar com autoridades de saúde pública para responder ao aumento de doenças infecciosas e mortalidade infantil e materna;
— Facilitar o trânsito nas fronteiras e fornecer o status de residência temporária;
— Investir em serviços de saúde;
— Promover a integração e a realocação voluntária para minimizar o impacto do inchaço populacional em locais específicos;
— Em conjunto com a ONU, criar e financiar 1 plano coordenado para auxiliar os venezuelanos deslocados do país de origem em longo prazo.