Por solicitação própria, a então deputada federal Yeda Crusius (PSDB) voltou a receber, em outubro de 2018, o vencimento de mais de R$ 30 mil referente à pensão vitalícia a que tem direito como ex-governadora do Rio Grande do Sul. Com isso, Yeda acumulou a pensão de ex-governadora (R$ 30.471,11) e o salário de deputada federal (R$ 33.763), desde outubro de 2018 até o fim de seu mandato, encerrado em janeiro de 2019.
Yeda já havia acumulado os dois vencimentos no período de janeiro de 2017 — quando assumiu o mandato de deputada federal — até agosto de 2017. Em setembro de 2017, por solicitação da ex-governadora, os pagamentos foram interrompidos — ainda que a lei permita o acúmulo das duas receitas. O pedido de suspensão temporária da pensão foi feito por Yeda em agosto de 2017, pouco antes de ela ser indicada para a Comissão Especial da Câmara Federal que analisou a questão dos supersalários no país.
Os dados estão disponíveis nos portais da transparência do governo do Estado e da Câmara.
Questionada sobre por que decidiu requerer novamente a pensão vitalícia para outubro de 2018, Yeda citou a proximidade com o fim do mandato como deputada federal.
— O mais importante é dizer quando eu deixei de receber por duas fontes (públicas), tá? Eu não tenho mais nenhuma fonte pública (de receita) ativa, então, estou exercendo (o direito). Tomei a decisão em 2017 (de parar de receber), tomei a decisão em 2018 (de voltar a receber). (A motivação foi) a mesma de sempre, de acabar o mandato, então encaminhei os papéis, e a partir de certo dia eles voltam a pagar — respondeu a ex-governadora.
Yeda também recebe a aposentadoria como servidora federal. A ex-governadora foi professora do Departamento de Economia da UFRGS antes de assumir o Piratini.
Demais ex-governadores também recebem
O ex-governador Sartori, último a deixar o cargo, também receberá a aposentadoria vitalícia. Conforme o governo do Estado, como ele não manifestou interesse em abrir mão do benefício, os valores estão sendo contabilizados desde janeiro deste ano e serão pagos a partir da folha de fevereiro.
Atualmente, conforme dados do Portal da Transparência, referentes ao mês de dezembro de 2018, último lançamento disponível, oito ex-governadores recebem a pensão especial. São eles: Tarso Genro (PT), Yeda Crusius (PSDB), Germano Rigotto (MDB), Olívio Dutra (PT), Antonio Britto (eleito pelo MDB), Alceu Collares (PDT), Pedro Simon (MDB) e Jair Soares (PP). Além dos citados, quatro viúvas de ex-governadores também recebem os recursos.
Leite terá pensão por quatro anos
Sartori é o último ex-governador do Estado com direito ao benefício para o resto da vida. Aprovada em 2015 pela Assembleia Legislativa, uma lei de autoria da deputada Any Ortiz (PPS) extinguiu o direito vitalício aos futuros ex-governadores, preservando o direito a Sartori.
Eduardo Leite (PSDB), quando deixar o cargo, não receberá a pensão de forma vitalícia, mas, segundo a mesma lei de 2015, terá direito aos recursos por quatro anos. A lei extinguiu o benefício permanente, mas criou o pagamento temporário.