O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou as ações realizadas nesta terça-feira (11) pela Polícia Federal na Operação Ross. Pela manhã, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao deputado Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade.
Marco Aurélio, porém, negou o pedido de prisão domiciliar que havia sido solicitado pela PF contra o senador mineiro. O ministro acompanhou entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que não viu elementos suficientes para a medida.
"Relativamente ao investigado Aécio Neves da Cunha, não há dados concretos, individualizados, a demonstrarem a indispensabilidade das medidas pretendidas. O órgão acusador (PGR), ao manifestar-se, destacou que a situação de plena liberdade do investigado não representa risco à ordem pública", disse o ministro.
No caso, é investigada suposta compra de apoio político a Aécio durante a campanha à Presidência da República em 2014. Além dele e de Paulinho da Força, são alvos da operação os deputados Benito da Gama (PTB-RJ) e Cristiane Brasil (PTB-RJ) e os senadores Antônio Anastasia (PSDB-MG) e José Agripino (DEM-RN), que foram intimados a depor.
A operação tem como base a delação premiada de executivos do grupo J&F. Segundo as investigações, Aécio teria recebido R$ 110 milhões em propina entre os anos 2014 e 2017. O dinheiro seria repassado por meio de notas frias emitidas por empresas indicadas pelo senador, segundo indícios apontados pelos investigadores.
Por meio de nota, o advogado Alberto Toron, que representa Aécio, afirmou que ele, na condição de maior interessado no esclarecimento dos fatos, "sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos".
"É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS são as contribuições eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça Eleitoral", disse Toron.
No total, 200 agentes da PF cumprem 24 mandados de busca e apreensão, assim como 48 intimações para oitivas no Distrito Federal, em São Paulo, Minas Gerais, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e na Bahia, além de Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá. São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.