A pastora Damares Alves foi confirmada para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos nesta quinta-feira (6). Advogada, ela atua como assessora do senador Magno Malta (PR-ES). A pasta também ficará responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Em sua primeira manifestação, afirmou que pretende ampliar as políticas públicas para mulheres para chegar a regiões remotas.
— Eu sou mulher, mãe, educadora e advogada. Também professo a fé evangélica — disse.
Disse ainda que irá propor um grande pacto pela infância em parceria com os demais ministérios e exaltou sua relação com movimentos que defendem os direitos LGBT+.
Confira o que disse a ministra:
Sobre aborto
"Eu sou contra o aborto. Eu acho que nenhuma mulher quer abortar. As mulheres chegam até o aborto porque possivelmente não foi lhes foi dada uma outra opção. A mulher que aborta acreditando que ela está desengravidando, ela não está desengravidando."
"O aborto não desengravida nenhuma mulher, a mulher caminha o resto da vida com o aborto. Se a gravidez é um problema que dura só nove meses, eu digo para vocês que o aborto é um problema que caminha a vida inteira com a mulher."
Se a gravidez é um problema que dura só nove meses, eu digo para vocês que o aborto é um problema que caminha a vida inteira com a mulher."
"Nós queremos um Brasil sem aborto. De que forma? Um Brasil que priorize políticas públicas de planejamento familiar. Que o aborto nunca seja considerado e visto nesta nação com um método contraceptivo. O aborto apenas nos casos necessários e aqueles previstos em lei. Mesmo aqueles, eu tenho certeza que, quando é oferecida para a mulher uma outra opção, a mulher pensa duas vezes. Essa pasta não vai lidar com o tema aborto. Vai lidar com proteção de vidas, e não com morte."
Sobre a atual legislação do aborto
"Acredito que a legislação não deve ser alterada. Dá para a gente trabalhar apenas essas situações e a gente lutar para salvar as duas vidas: a da mulher e a do bebê."
Sobre relação com a população LGBT+
"Foi criada nesta nação a falsa guerra entre cristãos e LGBTs. Esta guerra não existe e nós vamos mostrar. Dá pra gente sentar, conversar e dialogar. Nós vamos, inclusive, fazer seriamente o enfrentamento da violência contra a comunidade LGBT."
"Se precisar, estarei nas ruas com as travestis. Se precisar, estarei nas portas das escolas com as crianças que são discriminadas pela sua orientação sexual. A violência contra qualquer pessoa por qualquer motivação vai ser a prioridade desse governo."
"Minha relação com os movimentos (LGBT) é muito boa. Tenho entendido que dá para a gente ter um governo de paz entre o movimento conservador, o movimento LGBT e os demais movimentos."
Sobre a relação com Magno Malta
"O senador (Magno Malta), até este momento, é meu chefe. Sabe do convite, está feliz e entende que fui convidada por causa do meu trabalho durante anos."
Sobre políticas para as mulheres
"Vamos trazer (as mulheres das populações carentes) para o protagonismo das políticas públicas, que ainda não chegaram até elas. Será prioridade a mulher ribeirinha, pescadora, catadora de siri, a quebradora de coco, essas mulheres que estão anônimas e invisíveis."
Sobre diferenças de remuneração entre homens e mulheres
"Nenhum homem vai ganhar mais do que mulher nesta nação desenvolvendo a mesma função. Isso já é lei e o Ministério Público está aí para fiscalizar. E, se depender de mim, vou para a porta da empresa onde o funcionário homem desenvolve o mesmo papel da mulher e ganha mais."
Nenhum homem vai ganhar mais do que mulher nesta nação desenvolvendo a mesma função. E, se depender de mim, vou para a porta da empresa
Sobre políticas para a infância
"O objetivo é propor para a nação um grande pacto pela infância, de verdade. Nunca a infância foi tão alcançada, tão atingida como nos dias de hoje. Vamos propor um pacto, inclusive conversando com os demais ministros. A infância vai ser prioridade neste governo."
Sobre demarcações de terras indígenas
"Vamos ter que conversar muito sobre isso. Eu acredito que o presidente, quando falou (em parar as demarcações), tinha embasamento. Questiono, particularmente, algumas áreas indígenas. Mas este é um assunto que vamos discutir muito. Não vai ser uma decisão somente do Ministério dos Direitos Humanos. O mais precioso bem que está em área indígena é o índio. Índio não é só terra, é gente, é ser humano."
Sobre políticas para ciganos
"Alguns segmentos não foram alcançados pelas políticas dos últimos governos. Vou trazer para o protagonismo um povo que é invisível: os ciganos. Nós temos em torno de 1,2 milhão ciganos no Brasil. A mulher cigana circula de uma forma invisível. Se você abrir o dicionário, cigano significa 'mentiroso, enganador, trapaceiro'. Nós vamos estar junto com os trabalhadores nos acampamentos. Quando a mulher cigana vai é estuprada, ela vai fazer um boletim de ocorrência e o delegado se nega a fazer porque 'cigana é mentirosa'. Nós vamos, sim, estudar políticas públicas para os ciganos. Alguns segmentos não foram alcançados."