Um dia após o SBT exibir entrevista com Fabrício Queiroz, ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), aliados do presidente eleito Jair Bolsonaro adotaram tom moderado em relação ao caso. Queiroz é investigado por movimentação atípica em sua conta bancária na época em que era assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transações que totalizaram R$ 1,2 milhão na conta do ex-motorista. Na entrevista, Queiroz justificou que compra e revende carros para complementar a renda.
O futuro chefe da Casa Civil, ministro Onyx Lorenzoni (DEM), disse que não irá comentar as declarações de Queiroz.
— Não vou falar sobre isso, não me cabe falar sobre isso. Estou tentando mostrar ao Brasil o fruto dos trabalhos nestes dois meses — disse Onyx.
Ele negou que o tema tenha sido discutido entre ministros durante um curso de capacitação em gestão e governança realizado nesta quinta-feira.
— Não conversamos sobre esse assunto.
Também nesta quinta-feira, o futuro ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, disse que o caso do ex-assessor de Flavio Bolsonaro "não é assunto de governo", mas "de parlamentar".
— Isso aí não é um assunto de governo, apesar de ter o sobrenome, a pessoa ser filha do presidente, sempre tem um reflexo, mas não é assunto de governo. É assunto de parlamentar — afirmou Santos Cruz, ao chegar à sede de transição do governo. Ele disse ainda que não vai se "preocupar com aquilo que não é essencial no momento".
O futuro ministro também disse que não viu a entrevista de Queiroz e que não conversou com os outros ministros sobre isso. Santos Cruz reconheceu, contudo, que "pela relação de parentesco, pode ter uma consequência qualquer", mas insistiu que é preciso "separar as coisas".
— Qualquer pessoa pública, ela tem que esclarecer aquilo que é duvidoso, sem dúvida nenhuma. Isso é normal — afirmou.
O vice-presidente eleito Hamilton Mourão afirmou que Queiroz o convenceu com as explicações dadas na entrevista. No entanto ele destacou que "resta saber se a área jurídica" vai se convencer com o depoimento do ex-assessor, segundo o blog da jornalista Andréia Sadi.