Pelo segundo dia consecutivo, o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) fez peregrinação por bancadas da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (7), em busca de apoio para aprovação da manutenção das alíquotas elevadas de ICMS por mais dois anos. O projeto, entregue nesta quarta-feira pela equipe de Leite ao Piratini, entretanto, já enfrenta resistência na base do governador eleito e entre possíveis aliados ideológicos.
No PP, partido da base de Leite, o deputado Sérgio Turra já disse que vota contrário. Any Ortiz (PPS), aliada de campanha, diz que votará favoravelmente somente se houver garantia de futura redução progressiva. Defensora do empresariado, a deputada sempre teve posição contrária ao aumento de impostos.
No périplo pelo Legislativo, Leite se reuniu com bancadas de PSB, PDT, MDB e PT. No PDT, por ora, a maioria dos oito deputados é contrária à medida. Foi o PDT que, durante o governo Sartori, através de uma emenda parlamentar, limitou até o fim de 2018 o tempo de vigência do ICMS elevado de 17% para 18%.
— Não temos posição fechada. Tenho sérias restrições — disse o deputado Eduardo Loureiro.
No MDB de Sartori, a bancada de oito deputados está dividida. Foi a reunião em que Leite ouviu posições mais duras, especialmente do deputado Edson Brum.
— Não voto aumento de ICMS, mas a bancada está livre — resumiu o emedebista.
Leite aproveitou as conversas na Assembleia para pedir que os deputados rejeitem os projetos de reajuste salarial para servidores dos poderes e órgãos do Estado – exceto Executivo. Esse pedido, entretanto, é mais difícil de ser atendido e a tendência, nos bastidores, é de aprovação.
PT paz e amor
Uma das recepções mais cordiais a Leite foi na última reunião do dia, com a bancada do PT, oposição ao futuro governador. Os petistas prometeram estudar o projeto do ICMS e sugeriram que o imposto seja reduzido para setores empresariais que o partido entende não ter condições de absorver a carga tributária.
— Informamos a ele que estamos em processo de debate interno, estudando (o tema do ICMS). Votamos contrários há três anos porque não se abriu possibilidade de conversarmos. A partir do diálogo, podemos contribuir para alterar o projeto. Setores que estão enfrentando dificuldades podem ter diminuição — defendeu Mainardi.
O movimento de Leite pelo diálogo agradou aos petistas. O tucano foi recebido com sorrisos e, ao final do encontro, Mainardi comparou a postura do governador eleito com a do atual ocupante do cargo, José Ivo Sartori:
— Ficamos muito contentes. É um gesto muito mais construtivo para solução dos problemas do Estado que os gestos anteriores (de Sartori). Afirmamos para o governador a nossa disposição de fazer uma oposição responsável.
Ao final do encontro, Leite classificou a reunião como “respeitosa e republicana”. O ponto de convergência entre ambos, segundo o governador eleito, é a "defesa da democracia".
Na próxima semana, Leite deve se encontrar com PCdoB e PSOL, também partidos que serão oposição ao seu governo.