O Ministério da Justiça sob o comando de Sergio Moro terá como foco principal o combate ao crime de lavagem de dinheiro, com o objetivo de asfixiar as organizações criminosas.
Nos bastidores, o termo utilizado pela equipe montada pelo ex-juiz é "descapitalização" contra facções e também envolvidos em corrupção.
Nas reuniões fechadas do grupo de transição de governo, em Brasília, definiu-se que a prioridade da gestão de Moro será mirar o patrimônio dos criminosos, uma estratégia que deu certo na operação Lava-Jato e deve ser aumentada e reproduzida na guerra contra traficantes, por exemplo.
Não à toa, Moro escolheu para os mais importantes cargos ligados ao Ministério da Justiça pessoas com experiência nessa área de atuação. Entre eles o atual superintendente da Polícia Federal (PF) no Paraná, Maurício Valeixo, 51 anos, anunciado na terça (20) por Moro para ser o novo diretor-geral da PF, em substituição a Rogério Galloro.
O outro nome é da delegada Érika Marena, que comandará o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional). Ambos já receberam de Moro a missão de liderar, em suas áreas, esse modelo de trabalho a partir de 2019. A dupla é de extrema confiança do futuro ministro do governo de Jair Bolsonaro.
— Ele (Valeixo) tem a missão de fortalecer a Polícia Federal e que a Polícia Federal possa direcionar suas investigações principalmente com foco em corrupção e crime organizado. É um grande desafio, são problemas sérios, mas ele é uma pessoa plenamente capacitada — afirmou o ex-juiz federal, em Brasília.
Valeixo já foi o número três da hierarquia geral do órgão, como diretor de Combate ao Crime Organizado (Dicor). O futuro ministro elogiou Érika, afirmando que ela assumirá uma área estratégica da pasta que ele pretende fortalecer.
— Não há ninguém melhor do que ela — disse.
Marena atuou na Lava-Jato e no caso Banestado, também com participação de Moro.
Também foi criticada na investigação de desvios de dinheiro na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O reitor da UFSC se matou em um shopping após ser preso temporariamente. Segundo Moro, a delegada "talvez seja a maior especialista no Brasil em cooperação jurídica internacional".
Hoje, o DRCI tem problemas para conseguir resultados mais efetivos por causa da legislação atual. O novo ministro deve se debruçar sobre propostas para alteração de leis que deem maior liberdade ao órgão, considerado chave para o combate ao crime de lavagem de dinheiro. Os dois nomes anunciados por Moro atuaram com ele na condução da Lava-Jato.
— Eu seria um tolo se não aproveitasse pessoas que trabalharam comigo, especialmente no âmbito da Lava-Jato porque já provaram integridade e eficiência — disse.
O ex-juiz também foi questionado se levará o delegado Márcio Anselmo, um dos precursores da Lava-Jato ao lado de Marena, para o governo Bolsonaro.
— É um delegado de profunda qualidade, é possível, mas não tem nada definido ainda — respondeu.
Valeixo deve anunciar em breve também sua equipe. Entre cotados para fazer parte de cargos estratégicos estão Igor Romário, delegado de destaque da Lava-Jato, Disney Rossetti, superintendente da PF de SP, Cairo Costa Duarte, superintendente de Pernambuco, e Roberval Ré Vicaldi, número dois do PR atualmente.