Condenado por lavagem de dinheiro e cumprindo prisão domiciliar em São Paulo, o deputado federal afastado Paulo Maluf (PP-SP) sinalizou que irá renunciar ao cargo. A informação foi dada pelo advogado dele, Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, durante reunião da Mesa Diretora da Câmara nesta terça-feira (14).
No encontro, já havia indicação de que os integrantes da Mesa Diretora dariam aval à decisão judicial que determinou a perda do mandato de Maluf. Diante do anúncio sobre a possível renúncia, ficou decidido que o colegiado aguardará até a próxima terça-feira (21) pela formalização do pedido.
Corregedor da Câmara, o deputado Evandro Gussi (PV-SP) disse que estava “constrangido” com o processo. O parlamentar entende que a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o afastamento de Maluf, é inconstitucional.
— Eu acho que a Mesa está absolutamente desconfortável com uma decisão judicial a ser cumprida que tem um aspecto que beira a arbitrariedade — argumentou.
Para o corregedor, a cassação só poderia ser determinada em caso de condenação com trânsito em julgado ou por excesso de faltas do parlamentar, e nenhuma das situações ocorreu no caso de Maluf. Mesmo assim, admitiu que a Mesa Diretora iria acatar a decisão da Justiça.
Questionado, o advogado do deputado negou que tenha planejado uma manobra para protelar o afastamento definitivo de Maluf ou para assegurar sua habilitação política. Kakay afirmou que nos próximos dias o parlamentar deve oficializar a decisão sobre a renúncia.
— Ele sinalizou que tem este interesse (em renunciar), amanhã (quarta-feira) vou a São Paulo conversar com ele. É uma decisão de cunho pessoal. Mas, penso eu que a renúncia, sendo um ato de foro íntimo, é muito diferente de uma decisão expressa de cassação — pontuou.
Segundo Kakay, Maluf não tem intenção de disputar novamente um cargo eletivo. Com 86 anos, o parlamentar sofre de problemas de saúde, por isso teve direito a cumprir pena em sua própria residência. Ele chegou a ficar quatro meses em regime fechado na Penitenciária da Papuda, em Brasília, mas recebeu o benefício da prisão domiciliar em março deste ano.