Após o polêmico reajuste de 16,38% autorizado pelo Supremo Tribunal Federal sobre seus salários, que eleva de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil o valor recebido mensalmente por cada ministro, os membros da Corte continuam sendo alvo de críticas.
Na segunda-feira (13), o ministro Ricardo Lewandowski foi questionado durante uma aula de Teoria Geral do Estado que ministrava na USP, onde leciona. O estudante de Direito, Erick Araújo, 19 anos, pediu ao ministro o microfone para divulgar um financiamento coletivo para reformar a Casa do Estudante. Em entrevista ao programa Gaúcha +, na tarde desta terça-feira (14), Erick disse que aproveitou a situação para fazer uma crítica aos privilégios do Judiciário.
— Então eu aproveitei que ele é um membro representante do Judiciário e um dos que mais defende esses privilégios, eu não tive medo de dizer o que todo brasileiro gostaria para um membro do Supremo. O que me levou a fazer isso foi a indignação. Nossa faculdade fica a um quilometro do prédio ocupado por moradores sem teto que caiu recentemente. A nossa própria residência, onde os alunos pobres da faculdade mais tradicional de Direito vivem, está passando por um processo de deterioração e nós não obtemos respostas de ninguém — disse.
De acordo com Erick, após as críticas, o ministro tentou justificar os benefícios dos magistrados, mas as explicações não convenceram o jovem e seus colegas.
— Ele foi respeitoso. Quando eu parei de falar, ele usou todo o restante da aula para justificar os benefícios que ele recebe e porque ele defende os benefícios do Judiciário. Durante seu argumento, ele falou coisas bizarras como, por exemplo, que os juízes precisam de “bicos” dando aulas em universidades para complementar uma renda de classe média. E além disso, ele falou das dificuldades de ser juiz no Brasil, por conta dos baixos salários. Foi um discurso que não convenceu ninguém, só deixou a gente mais indignado.
O estudante ainda relatou que, ao encerrar a aula, o ministro saiu quase “correndo” da sala de aula, diferente do que faz normalmente.