A série de projetos que está sendo aprovada por deputados e senadores, cujo impacto pode ultrapassar os R$ 100 bilhões nas contas públicas nos próximos anos, fará com que o Brasil tenha ainda mais descrédito perante as agências internacionais. A avaliação é do economista Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas, que considerou as medidas "um absurdo":
— Entendo que é um surto de irresponsabilidade do Congresso. Não por acaso eles votaram às vésperas de saírem de recesso, e praticamente a poucos meses das próximas eleições. É cada um tentando preservar o seu quinhão, por mais absurdo que isso seja. E a consequência disso é um déficit cada vez maior — afirmou, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na manhã desta sexta-feira (13).
Para o economista, o futuro presidente enfrentará uma situação "extremamente difícil" porque já iniciará o mandato "com a faca no pescoço".
Ouça a entrevista na íntegra:
— Ele ou ela vai precisar tomar decisões imediatas para se preservar. Dificilmente será cumprido em 2019 a regra do teto e a própria "regra de ouro", ainda que o Congresso tenha aberto uma certa brecha na própria LDO para tentar amenizar o descumprimento da "regra de ouro" que, como nós sabemos, é o endividamento para pagar despesas de custeio — afirmou.
O economista ainda afirmou que, para reduzir o déficit, não será mais suficiente cortar despesas com passagens aéreas, viagens e hospedagens:
— Será preciso atacar as grandes contas. Dentro deste contexto, diversos grupos de pressão, seja dos servidores públicos, dos empresários que não querem abrir mão de subsídios e governadores e prefeitos que fazem questão de manter todos seus privilégios, nessa situação de que ninguém abre mão de nada, a solução vem sendo o endividamento crescente — resumiu.