Confinado desde 7 de abril a uma sala de 15 m² na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode sofrer mais duas condenações até o final do ano. Enquanto cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão no caso do triplex do Guarujá, o petista vê avançar outras duas ações penais.
O processo mais adiantado é o que investiga a compra de um terreno para o Instituto Lula. A fase de tomadas de depoimentos das testemunhas e de interrogatórios dos réus se encerrou em setembro de 2017, após o juiz Sergio Moro ouvir o advogado Roberto Teixeira, um dos oito acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o petista teria recebido R$ 12,4 milhões em propina do empresário Marcelo Odebrecht. O recurso seria repassado por meio da aquisição de um terreno para a construção da nova sede do instituto.
Durante a investigação, o ex-presidente também acabou denunciado por lavagem de dinheiro por causa da compra de um apartamento em frente à cobertura onde mora, em São Bernardo do Campo (SP).
Desde o início, a defesa de Lula tenta arrastar ao máximo o processo. Na apresentação da defesa prévia, os advogados incluíram mais de 80 testemunhas de defesa. Ao fim desta fase, seguiram-se pedidos de diligências complementares que até agora não foram concluída. Mais recentemente, a defesa alegou a suspeição do juiz e que o caso não seria da alçada da 13ª Vara Federal de Curitiba. Tão logo essas questões sejam decididas, abre-se prazo para as alegações finais do MPF e da defesa e, em seguida, o processo fica pronto para sentença.
— A defesa fica fazendo manobras, provavelmente para evitar que haja uma definição durante o período eleitoral. É possível que tenhamos uma sentença em novembro — projeta um interlocutor do juiz Sergio Moro.
Em paralelo ao processo do Instituto Lula, também corre na 13ª Vara Federal o caso do sítio de Atibaia. Nesta sexta-feira, estava marcado o depoimento da ex-presidente Dilma Rousseff, arrolada como testemunha de defesa do petista. Dilma não compareceu à audiência, realizada via teleconferência a partir de Porto Alegre. Na quinta-feira, ela participou de um ato político em Minas Gerais, no qual confirmou sua candidatura ao Senado pelo Estado.
Moro ficou irritado com a ausência da ex-presidente, comunicada poucas horas antes pela defesa de Lula. Um novo depoimento ficou agendado para 9 de agosto, em São Paulo. Além de Dilma, ainda precisam ser ouvidas outras 15 pessoas, sendo a última o próprio Lula, cujo interrogatório está marcado para 11 de setembro.
Assim como no processo do instituto, depois começa o prazo para eventuais diligências complementares e as alegações finais. A expectativa é que Moro divulgue uma sentença entre o final de novembro e o início de dezembro.
No caso do triplex do Guarujá, Lula prestou depoimento a Moro em 10 de maio de 2017 e foi condenado em 12 de julho, pouco mais de dois meses depois. O petista ainda é réu em outros cinco processos, quatro deles na Justiça Federal de Brasília e um no Supremo Tribunal Federal.