A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo telefônico de Michel Temer e dos seus ministros mais proximos: Eliseu Padilha, Casa Civil e Moreira Franco, Minas e Energia. A solicitação, feita ao Supremo Tribunal Federal é referente ao ano de 2014. As informações são do jornal O Globo.
O objetivo é investigar um suposto pagamento de R$ 10 milhões que teria sido feito pela Odebrecht e acertado no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer naquele ano. A PF busca rastrear telefonemas feitos entre eles nas datas próximas das entregas de dinheiro em espécie relatadas pelos delatores da empreiteira.
O pedido foi encaminhado em sigilo ao ministro Edson Fachin, relator do caso. Ele teria encaminhado o pedido para uma manifestação da Procuradora-Geral da Republica, Raquel Dodge, que se posicionou contra a quebra do sigilo telefônico de Temer, apesar de ter concordado com as quebras dos demais personagens envolvidos.
O inquérito foi aberto em abril de 2017 com base nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Na ocasião, o Planalto afirmou que Michel Temer teve um encontro com o empresário Marcelo Odebrecht, na época em que era vice-presidente, para tratar da campanha presidencial, mas que, na ocasião, não foram discutidos valores.
Esta é mais uma investigação aberta contra o presidente, que é alvo de um inquérito em andamento por suspeita de ter editado um decreto que modificou regras do setor portuário, sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso. Outros inquéritos contra o presidente que levaram a PGR a denunciá-lo por duas vezes estão suspensos após decisão da Câmara dos Deputados barrar o prosseguimento até que Temer deixe o mandato presidencial.
O cerco da PF
Alvo de de duas denúncias criminais barradas na Câmara e de outros dois inquéritos no STF, o presidente Michel Temer vê a PF cada vez mais no seu encalço. Acompanhe as investidas mais recentes:
— Em 2 de março, o ministro Edson Fachin, do STF, incluiu o presidente Michel Temer no inquérito do quadrilhão do PMDB. Até então, eram investigados no caso apenas os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
— Três dias depois, o ministro Luís Roberto Barroso, também do STF, quebrou o sigilo bancário do presidente. O procedimento ocorreu no inquérito dos portos, no qual Temer é investigado por supostamente beneficiar empresas do setor portuário.
— Em 29 de março, Barroso determinou a prisão de amigos de Temer, como José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho, bem como de empresários do ramo portuário. Três dias depois, Yunes e Lima foram soltos.
- Em depoimento à PF, o dono do Grupo Libra, Gonçalo Torrealba, declarou ter conhecimento de que o coronel Lima atuava com arrecadador de Temer. Com operações no porto de Santos, Torrealba fez doações para campanhas do PMDB.
- Intimada a depor como testemunha, uma das filhas de Temer, Maristela, disse à PF que reformou um imóvel em São Paulo com ajuda do Coronel Lima "na camaradagem". A obra é investigada pela PF por suspeita de lavagem de dinheiro.
- A PF não descarta intimar a primeira-dama Marcela Temer a depor. Marcela comprou um imóvel em São Paulo do advogado José Yunes. Temer diz ter emprestado R$ 800 mil à mulher para a conclusão do negócio, também investigado pela PF.