A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por mais 60 dias o inquérito resultante da Operação Lava-Jato contra o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), o deputado federal Marco Maia (PT), o ex-ministro Paulo Bernardo (PT) e os ex-presidentes da Trensurb Marco Arildo Cunha e Humberto Kasper. O pedido foi feito pela Polícia Federal (PF) e teve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). A investigação é referente ao suposto pagamento de propina pela Odebrecht.
O inquérito foi aberto a partir das delações premiadas dos executivos da empreiteira Benedicto Barbosa da Silva e Valter Luis Arruda Lana. Segundo a PGR, a solicitação de propina ocorreu com base no contrato de R$ 323.977.829,28 para extensão da linha do metrô entre São Leopoldo e Novo Hamburgo.
De acordo com os colaboradores, Padilha teria recebido 1% do valor do contrato, em decorrência de sua possível interferência no processo licitatório. Maia teria recebido 0,55%, em razão da ausência de entraves na época em que foi presidente da empresa. Esse pagamento teria ocorrido com a presença de Humberto Kasper e Marco Arildo Cunha. Já Paulo Bernardo teria recebido, na época em que era ministro, 1% do valor do contrato para incluir a obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Ainda conforme os delatores, os pagamentos ocorreram entre 2009 e 2010 por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, conhecido como Departamento de Propina. No sistema de operações estruturadas da empreiteira, que controlava esses pagamentos, Padilha era chamado de "Bicuíra", Maia de "Aliado", Paulo Bernardo de "Filósofo", Marco Arildo Cunha de "Sucessor" e Humberto Kasper de "Jornalista".
O que diz Eliseu Padilha (PMDB)
Em nota, o advogado de Padilha, Daniel Gerber, diz que “nada há que ser comentado sobre o assunto na medida em que não existe qualquer preocupação do Ministro Eliseu Padilha quanto ao tema”.
O que diz Marco Maia (PT)
Em entrevista à Rádio Gaúcha, na época da abertura do inquérito, o deputado Federal Marco Maia disse que já esperava a aparição de seu nome na lista, porque já estava entre os citados na delação de Cláudio Melo Filho, vazada no fim de 2016. Maia disse que o processo é normal "para que possamos nos defender dessas acusações caluniosas". O deputado também criticou a forma como as delações são utilizadas nas investigações, pois o delator faz as acusações para se livrar de um crime cometido.
O que diz Humberto Kasper, ex-diretor-presidente da Trensurb
GaúchaZH tenta encontrar o ex-presidente da Trensurb Humberto Kasper. Na época da abertura do inquérito, ele disse que não conhecia o assunto e não sabia do que se tratava. Por isso, não iria se pronunciar.
O que diz Marco Arildo Prates, ex-diretor-presidente da Trensurb
Na época da abertura do inquérito, o ex-presidente da Trensurb Marco Arildo Cunha disse que "não são verdadeiros os fatos relatados em delação premiada, por executivos da Odebrecht, sobre suposta solicitação de recursos escusos para qualquer fim. A execução da obra de extensão da Trensurb seguiu e respeitou todas as condicionantes estipuladas pelo Tribunal de Contas de União para realização da mesma.Tenho todas as contas de minha gestão aprovadas pelos órgãos de controle.Essas são acusações injuriosas, e vou provar minha total inocência e fazer que reparem os danos de imagem e profissional que me causaram. Estou à disposição da Justiça para o cabal esclarecimento dos fatos".
Paulo Bernardo
GaúchaZh tenta contato com ex-ministro Paulo Bernardo, através de pessoas próximas a ele, mas ainda não obteve retorno.