Mais recente ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes mostrou-se preocupado com "salvadores da pátria" no país. Para o magistrado, são "extremamente perigosos".
— Em 1988, o legislador constituinte apostou em alçar o Judiciário como moderador para evitar problemas no futuro, para evitar um salvador da pátria, que é uma coisa que o Brasil, infelizmente, adora. Todos deram errado, mas continuamos, enquanto país, esperando o salvador — declarou.
O ministro palestrou nesta sexta-feira (18) em Porto Alegre. Moraes era o principal convidado do painel "Judicialização da política e politização do Judiciário", promovido pelo curso de pós-graduação em Direito Eleitoral da Fundação Ministério Público (FMP).
— As pessoas perguntam para que serve (o Congresso), que viveríamos melhor sem. Assim, voltam a surgir os salvadores da pátria que desrespeitam o equilíbrio democrático, o que é extremamente perigoso. O Legislativo foi se enfraquecendo e as pessoas foram perdendo o interesse em participar da política — acrescentou.
Diante de um auditório lotado, Moraes também declarou que o país deu ao Supremo "um poder que nenhuma corte do mundo tem". O ministro defendeu que o Judiciário evite ao máximo legislar.
— Isso tem acontecido, mas é importante que o Brasil defina quais são os critérios para que possamos continuar fortalecendo o Judiciário sem que haja essa questão de politização. O Judiciário quer cumprir a Constituição e tem de demonstrar de forma clara que não está entrando nos demais ramos.