No final da tarde deste sábado (7), um impasse antecedeu a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para se entregar à Polícia Federal. Após discursar por uma hora, Lula voltou para a sede do sindicato e apoiadores mantiveram a vigília em frente ao prédio de São Bernardo do Campo.
Porém, mesmo com a ideia de Lula de se entregar à Polícia Federal, anunciada em seu discurso, seus apoiadores não deixaram o ex-presidente sair em um primeiro momento. Perto das 17h, o ex-presidente tentou sair do sindicato em um Toyota Corolla, e manifestantes fizeram uma barreira em frente a saída.
"Cercar, cercar, e não deixar sair", gritavam os manifestantes. Com o protesto, Lula voltou para a sede do sindicato, acompanhado do advogado, Cristiano Zanin Martins.
Minutos depois, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann subiu em um carro de som para tentar acalmar os manifestantes.
— Não vim aqui pra induzir nenhuma decisão, vocês estão aqui de livre e espontânea vontade tentando proteger o presidente Lula. Tenho que dividir um problema. Vocês estão na mais absoluta liberdade, mas preciso conversar com vocês. A consequência pode ser para nós, que a polícia venha aqui dar paulada na gente — alertou.
— Eu, mais do que ninguém aqui, queria que o Lula ficasse livre. Agora, não depende da nossa vontade. Fato é que a consequência para Lula, do ponto de vista jurídico, é alta — disse ela ao microfone.
Ao pedir a colaboração de todos, Gleisi chegou a dizer que é Lula "quem vai sofrer as consequências" se não se entregar à Polícia Federal (PF). Às 18h20min, Gleisi Hoffmann afirmou que a PF deu "meia hora" para que Lula se entregasse.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, o presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, e o ex-ministro Gilberto Carvalho também fizeram apelos à multidão.
Os militantes obedeceram aos apelos. Às 18h45min, Lula deixou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a pé, rumo ao comboio da Polícia Federal. Fez exame de corpo de delito na Superintendência e seguiu rumo a Curitiba, onde se apresentará para começar a cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por conta das investigações da Lava-Jato.