O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a desviar o itinerário da caravana pela região Sul por causa de protestos de opositores e falta de garantias de segurança. Neste sábado (24), em Florianópolis, ele disse que os petistas devem retribuir caso sejam agredidos pelos adversários.
— Tem gente se organizando como paramilitar. Tem gente se preparando até para invadir o comício do outro. Quero dizer para essa gente que nós somos da paz. Mas não nos provoquem porque, se derem um tapa na nossa cara, a gente não vai apenas virar para o lado, a gente vai retribuir até eles aprenderem a viver democraticamente — disse Lula, no início da tarde, diante de milhares de apoiadores na Praça XV de Novembro, no centro da capital catarinense.
Alguns metros adiante, um grupo menor protestava contra a presença do ex-presidente na cidade. Entre eles, havia desde militantes de grupos moderados como o Vem Pra Rua até apoiadores mais exaltados do deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Os grupos foram separados por dois cordões da Polícia Militar e, apesar das hostilidades e provocações, não foram registradas agressões.
Conflitos durante caravana no RS
As manifestações contra Lula em Florianópolis foram tranquilas se comparadas com as confusões ocorridas durante a passagem do ex-presidente pelo Rio Grande do Sul.
Impedido de entrar em Passo Fundo (RS), na sexta-feira (23), devido a um bloqueio feito por ruralistas, Lula e sua comitiva tiveram de ir para Chapecó (SC), onde uma parte embarcou em voo fretado para Porto Alegre (RS). O ex-presidente e alguns auxiliares mais próximos pernoitaram em um hotel próximo ao aeroporto e seguiram também de avião para Florianópolis.
A mudança de planos fez com que a agenda de Lula atrasasse mais de duas horas. Da capital catarinense, ele seguiu para Chapecó, novamente em voo fretado. A ideia inicial era que o ex-presidente fizesse apenas a etapa entre Passo Fundo e Porto Alegre de avião e o restante da caravana de ônibus.
Segundo o ex-ministro Miguel Rossetto, um dos motivos para o desvio foi a falta de garantias de segurança.
— A Secretaria de Segurança Pública e o comando da Brigada Militar disseram que não poderiam garantir a segurança até o aeroporto de Passo Fundo — disse Rossetto, que é pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul.
A secretaria diz ter garantido a segurança da caravana mesmo não sendo sua atribuição já que, na comitiva, havia dois ex-presidentes — Dilma Rousseff acompanhou parte da viagem.
"Em qualquer hipótese"
O ex-presidente do PT Rui Falcão rebateu, neste sábado, a ideia de uma possível indefinição interna do partido diante de incertezas em relação ao futuro de Lula na corrida presidencial de 2018.
— A questão do PT está definida, vamos registrar o Lula no dia 15 de agosto em qualquer hipótese — disse. — Se ele vai poder ser candidato ou não, isso é outro momento e quem vai decidir é o TSE — completou.
Falcão negou a possibilidade de Haddad substituir Lula na campanha ao Planalto.
— O certo é que vamos registrar Lula, o resto é especulação — disse.