O presidente da República, Michel Temer, sofreu nesta quinta-feira (29) um duro golpe com a prisão de mais um de seus homens de confiança, o advogado e ex-assessor José Yunes. A proximidade de Temer com Yunes foi reconhecida pelo próprio presidente em janeiro, ao responder os questionamentos da Polícia Federal no inquérito que investiga o suposto favorecimento à empresa Rodrimar S/A por meio da edição do chamado Decreto dos Portos.
Sobre a relação com suspeitos de operacionalizar esquemas de pagamento de propina, Temer reconheceu sua relação de amizade e trabalho com José Yunes e Rodrigo Rocha Loures, ex-assessores da presidência, mas negou conhecimento sobre irregularidades envolvendo os dois. Relatou a mesma situação sobre João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, que já o assessorou e também foi preso na operação desencadeada nesta quinta-feira pela Polícia Federal.
Ao responder o questionário, de 50 perguntas, Temer afirmou nunca ter tratado de irregularidades envolvendo a empresa — que, segundo a investigação, teria sido beneficiada após acordo com o presidente e seus assessores. O peemedebista garantiu, ainda, que não recebeu pedido de vantagens durante a discussão sobre o decreto.
As respostas entregues ao STF foram concisas, com poucos detalhes sobre pontos questionados pela PF. Nas três primeiras perguntas, por exemplo, os investigadores queriam informações sobre o financiamento das campanhas de Temer entre 2002 e 2014. O presidente se limitou a dizer que "todas as informações pedidas constam das prestações de contas feitas à Justiça Eleitoral".
Temer disse que não conheceu Edgar Safdie, suspeito de operar propina para o PMDB, e Ricardo Conrado Mesquita, um dos diretores da Rodrimar. Admitiu contato esporádico com Antônio Celso Grecco, presidente da empresa — também preso na operação desta quinta —, mas negou tratativas sobre operação portuária.
"Estive com ele (Grecco), rapidamente, em duas ou três oportunidades, sendo que jamais tratei de concessões para o setor portuário", assegurou.
Por fim, Temer negou que o grupo Rodrimar tenha sido beneficiado pelo Decreto dos Portos e afastou a possibilidade de ter pedido a Rocha Loures ou a outros aliados que favorecessem empresas que atuam no setor. O presidente garante também não ter recebido oferta de valores em troca de benefícios para empresários do ramo portuário.