O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, mantenha conversas com outros partidos. O objetivo é que haja uma a construção de uma unidade do centroesquerda antes do início formal da campanha eleitoral, em agosto. Haddad é coordenador do programa de governo do PT para a eleição presidencial deste ano.
Haddad se reuniu, nesta quinta-feira (22), com Lula para relatar o teor da conversa que teve com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, durante jantar, na terça-feira (20), no apartamento do ex-deputado Gabriel Chalita (PDT).
Haddad e Ciro falaram sobre a necessidade de construção de uma unidade do centro-esquerda na eleição de outubro. A conversa não girou em torno de nomes nem da possibilidade de um plano B caso Lula, que pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, fique mesmo impedido de disputar a eleição.
O encontro de Haddad com Ciro provocou insatisfações na cúpula do PT. Dirigentes que participaram da reunião da Executiva Nacional do partido, nesta quinta, em São Paulo, reclamaram da postura do ex-prefeito. Segundo eles, a atitude reforça as especulações sobre um plano B a Lula.
Em conversas reservadas, dirigentes ressaltaram que Haddad não fala em nome do partido. Para alguns, o encontro serviu como um sinal de que ele se movimenta para ser vice na chapa de Ciro, hipótese que o ex-prefeito nega.
— Essa história de plano B está sendo pautada de fora para dentro — disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, segundo relatos de participantes da reunião.
Na noite desta quinta-feira, em São Paulo, Lula disse que outros políticos querem disputar o "espólio" de votos dele e do PT.
— Até o Temer acha que tem chance se eu não for candidato — afirmou o petista.