O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maria (DEM-RJ), confirmou o que já se esperava. O governo desistiu de votar a reforma da Previdência neste ano. A falta de apoio da base aliada foi determinante para o recuo, e uma nova investida será realizada após o recesso de verão.
O Planalto pretende iniciar as discussões em plenário no dia 5 de fevereiro. A expectativa é de que a votação ocorra na semana do dia 19, uma após o Carnaval. Embora aliados do Executivo acreditem que as chances de aprovação do texto diminuam no próximo ano, Maia demonstra confiança.
— Eu tenho certeza que, mesmo sendo ano eleitoral, com todos esses ajustes feitos e com a possibilidade de o governo continuar com campanha esclarecendo a sociedade (...) nós temos um texto que organiza o desequilíbrio.
O presidente da Câmara afirma que as negociações referentes a pontos do texto, como o que institui regras de transição para servidores públicos admitidos na União entre 1998 e 2003, seguirão ocorrendo. Ainda assim, está prevista para esta quinta-feira (14) a leitura do parecer do relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), e a emenda aglutinava, que é o documento que será apresentado em plenário quando ocorrer a votação.
A confirmação do adiamento animou a oposição. Para o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), a manobra diminui as chances do governo.
— Vamos tentar fazer com que esse calendário estipulado pelo governo não seja alcançado.
Confusão
A base aliada de Michel Temer no Congresso protagonizou uma trapalhada no final da tarde e início de noite da quarta-feira (13). O episódio começou com uma declaração do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que anunciou um acordo para que a reforma fosse votada apenas em fevereiro.
Minutos depois, o senador foi desmentido pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e por deputados que defendiam a votação do texto ainda em 2017. O Planalto chegou a divulgar uma nota afirmando que o Temer ficaria dois dias internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, se recuperando de uma cirurgia, mas em seguida emitiu novo texto, confirmando a presença do presidente em Brasília nesta quinta-feira (14), o que não ocorreu.
Para deputados de partidos que apoiam o governo, a mudança na data é vista com cautela. Parlamentares que integram a base chegam a sugerir que a votação ocorra somente em novembro do próximo ano, depois das eleições.