O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou no final da tarde desta quarta-feira (13) que o governo desistiu de votar neste ano a reforma da Previdência. Segundo ele, a decisão foi tomada diante da dificuldade do Planalto em obter os 308 votos necessários para aprovação da matéria.
– Só vota Previdência em fevereiro. Está conversado entre o Rodrigo (Maia) e o Eunício (Oliveira). Estamos esperando apenas o presidente (Temer) chegar (de São Paulo) para fechar o acerto – disse Jucá em rápida entrevista.
O peemedebista alegou que a decisão do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PDMB-CE), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi de votar o Orçamento de 2018 nesta semana, e isso esvaziaria o plenário na semana que vem, quando estava prevista a votação da reforma.
– O Palácio participou do entendimento, conversou com as lideranças e está construindo esta solução de ter o momento certo para a votação – disse Jucá.
– O tempo ajuda a convencer as pessoas que querem estabilizar o Brasil e fazer o país crescer – complementou.
Apesar do recuo, ele garante que aumentou o apoio à proposta, citando o fechamento de questão do PSDB a favor do texto.
Meirelles nega acordo
Mais tarde, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, negou que haja um acerto para que a votação fique para o ano que vem. Segundo ele, o governo ainda trabalha para votar a proposta na próxima semana.
Diante da confusão sobre a data, o Palácio do Planalto informou que o presidente Temer voltará a Brasília nesta quinta-feira e aguarda a leitura do novo texto da Previdência em plenário. No entanto, não se manifestou sobre a declaração de Jucá.
Já Rodrigo Maia afirmou que o senador "pode estar falando pelo governo".
– Não fiz acordo com ninguém – retrucou.
Surpresa na base
A decisão desta quarta-feira pegou de surpresa integrantes da base do governo na Câmara. Vice-líder e responsável pelos mapas de votação, Beto Mansur (PRB-SP) não escondeu o descontentamento.
– Quem decide (sobre adiamento) é a Câmara – reclamou.
Embora os tucanos tenham fechado questão a favor do tema, o deputado e ex-ministro Bruno Araújo (PSDB-SP) disse que "é pior" deixar a votação para o início do ano que vem.
– Vai esperar o fim de ano? As festas de Natal? Isso desidrata (a base governista) – avaliou.
O parlamentar entende que o melhor momento para aprovar mudanças no sistema previdenciário é novembro do ano que vem, após as eleições.
– Deixa passar a eleição, assim os parlamentares estão blindados por mais quatro anos e votam – finalizou.