Se a base governista está fragmentada – com o governador José Ivo Sartori tentando segurar uma debandada de apoiadores –, na oposição o cenário não é diferente para a disputa pelo Palácio Piratini em 2018. PT, PDT e PSOL terão candidaturas próprias ao governo do Estado, e o PC do B ainda avalia o horizonte político.
O PDT é o partido mais adiantado. Jairo Jorge nem sequer havia encerrado seu mandato à frente da prefeitura de Canoas, no final do ano passado, e já havia assinado ficha na legenda com objetivo de concorrer ao Piratini. Desde fevereiro, percorre o Estado. São mais de 300 municípios visitados, com encontros com mais de 5 mil lideranças políticas.
O partido pretende fazer uma campanha moderada, sem oposição radical ao governador Sartori, mas tampouco com condescendência. De acordo com o presidente do PDT, deputado Pompeo de Mattos, Jairo Jorge irá se apresentar como alternativa à dicotomia PT-PMDB. O objetivo é atrair eleitores de esquerda desencantados com o PT e setores do funcionalismo indignados com os atrasos no pagamento dos salários.
– Não vamos atirar pedras em ninguém, mas mostrar que somos diferentes. Não defendemos o Estado máximo pregado pelo PT, nem o Estado mínimo defendido pelo PMDB – resume Pompeo.
No PSOL não há tanto pudor. A sigla terá como candidato o vereador de Porto Alegre Roberto Robaina, cujo discurso será carregado de críticas ao governo do Estado, sobretudo pela extinção de fundações, pelo viés privatista e pelas isenções fiscais.
A prioridade, porém, é dobrar a bancada na Assembleia, de um para dois deputados. Para tanto, o partido aposta na reeleição de Pedro Ruas e em uma nominata encabeçada por Luciana Genro. Vereadora mais votada de Porto Alegre, Fernanda Melchiona irá concorrer a deputada federal.
– A ideia é bater bastante no Sartori, mas também ser propositivo – diz Ruas.
Maior partido de oposição, o PT não conseguiu aglutinar as forças de esquerda e deve concorrer com chapa pura, encabeçada por Miguel Rossetto, ex-ministro dos governos Lula e Dilma. A exemplo da campanha à prefeitura de Porto Alegre em 2016, o partido pretende nacionalizar o discurso, denunciando uma suposta perseguição judicial contra Lula e reivindicando a autoria de projetos sociais de repercussão nacional, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, e investimentos regionais, como o polo naval de Rio Grande.
A estratégia visa resgatar a simpatia dos eleitores de Lula e compensar a ausência de carisma de Rossetto, considerado um político ainda desconhecido da maioria da população e mais afeito ao trabalho nos bastidores.
– Rossetto é o herdeiro das conquistas dos governos Lula e Dilma. Não só vai representar a esquerda aqui no Estado como também dará palanque para Lula – argumenta o deputado estadual Luiz Fernando Mainardi.
Ao tratar das questões locais, o PT mapeia dados para fazer ampla comparação entre a gestão Sartori e os governos Tarso Genro e Olívio Dutra. Os estrategistas do partido querem mostrar que os ex-governadores petistas assumiram o Estado em condições semelhantes às do peemedebista, mas jamais atrasaram salários ou venderam patrimônio público.
– Nos cobravam que pagássemos o piso do magistério. Não conseguimos, mas demos 75% de aumento para os professores. No governo Sartori, eles não tiveram reajuste e ainda não recebem em dia – compara Mainardi.
Tradicional aliado do PT, o PC do B ainda não decidiu seu rumo. Como a maior estrela do partido, Manuela D'Ávila, é pré-candidata à Presidência, a sigla ficou sem um nome natural ao Piratini. Eventual candidatura da ex-secretária do Turismo Abgail Pereira chegou a ser cogitada, mas não avançou.
O partido vem sofrendo forte assédio do PDT e chegou a receber sondagens ao deputado Juliano Roso para a vaga de vice-governador. O PDT também prioriza conversas com SD e PSB, dois partidos sem ambição ao Piratini.
O PSB, embora seja aliado de Sartori, tem Beto Albuquerque como candidato ao Senado. O socialista defende manter a aliança com o PMDB, mas não descarta diálogo com outros pré-candidatos. Nessas articulações, deixa claro que precisa de pelo menos dois minutos e 30 segundos de tempo de TV para a campanha, algo que o PDT tenta reunir para atrair o partido.
– A verdade é que o baile recém começou. Está todo mundo olhando para todo mundo. Quem vai dançar com quem e quem vai casar no final... Ainda tem muita música para rolar – afirma Pompeo de Mattos.