Um dos principais deputados da tropa de choque de Michel Temer, o gaúcho Darcísio Perondi (PMDB-RS) garante que o governo não vai recuar de votar a reforma da Previdência, manda recados a parlamentares infiéis e minimiza a pressão de partidos que formam o centrão pela conquista de cargos. Além de criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, o parlamentar ainda afirma que um dos principais alvos dos aliados, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB), permanecerá no primeiro escalão do Executivo.
O governo vai bancar a reforma da Previdência?
Sim. É uma decisão intransferível, irretocável, do núcleo duro do governo. Ela está pronta para ser votada no plenário. Há um perfeito entrosamento entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara nesse assunto, que entrará na pauta, possivelmente, na próxima semana. É matar ou morrer. É reformar ou aumentar os impostos. É reformar ou aumentar as contribuições. É reformar ou não ter dinheiro para pagar as emendas parlamentares.
Como o senhor encara o descontentamento de partidos do centrão com a permanência do PSDB no governo e do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy?
Com tranquilidade. Todos que passaram por essa função que foi criada no governo Lula, que é a de ministro de Relações Institucionais, sofreram. É um ministro que não tem caneta. Ele é um intermediário entre o ministro que executa e as necessidades da sociedade. Às vezes, o deputado extrapola e não há condições. Por isso, ele (Imbassahy) é criticado. Mas é um brilhante ministro e fundamental na equipe de reformas no país.
Mas o centrão quer mais cargos no governo.
No centrão, todos estão com cargos. O sucesso do governo Michel Temer é porque ele não compra. Lula e Dilma compraram com o petrolão, com o mensalão. Michel tem um governo semiparlamentarista. Ele governa com o parlamento. E aprovou reformas nunca pensadas. Por isso, saímos da recessão. Agora, todos os partidos da base estão governando com o presidente. Se não acompanharem as reformas, eles saem. Deputados saem. Deputados gaúchos que não quiseram acompanhar as reformas, ficar com o Brasil do atraso, o Brasil do PT, perderam seus espaços no governo. Foi uma opção.
Hoje o governo teria os 308 votos para aprovar a reforma da Previdência?
Hoje, não.
E o que fazer?
É um trabalho de convencimento, de lembrar que o governo tem atendido aos pedidos. Além disso, as forças produtivas estão se envolvendo. As grandes reformas são feitas quando as elites produtivas participam. Os deputados têm de ficar com as forças produtivas que empregam. Essa vai ser a decisão dos deputados gaúchos. Ou votam com as reformas para o país continuar se recuperando ou o país volta para o atraso.