O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (3), que a reforma da Previdência é fundamental para a recuperação econômica do Brasil. Ele defendeu o texto aprovado na comissão especial da Câmara, em maio, para que a questão previdenciária não precise “voltar à pauta” do Congresso.
Devido às eleições do ano que vem, parlamentares consideram aprovar apenas medidas pontuais, como o aumento da idade mínima para a aposentadoria e alterações de benefícios no setor público — possibilidade que é rechaçada por Meirelles.
— A reforma da Previdência, em qualquer lugar do mundo, é controversa. Já esperávamos uma discussão dessas, que é legítima e normal. Por outro lado, a proposta original estimava em 10 anos um benefício fiscal, uma economia, de pouco menos de R$ 700 bilhões. Agora, temos é um benefício fiscal de cerca de 75% da proposta original. Estamos defendendo a proposta como foi aprovada pela comissão especial do Congresso. Dito isto, vamos aguardar a decisão do Congresso. Mas sempre tenho alertado que a reforma precisa ser completa e suficiente para que o assunto não volte à pauta nos próximos anos — defendeu.
O Planalto ainda não tem os votos necessários para aprovar a reforma no Congresso – são necessários 308, mas o governo contabiliza, a seu favor, entre 260 e 270. Para ter sucesso na votação, o foco, agora, é negociar com o centrão, bloco formado por 12 partidos pequenos e médios, liderados pelo PP, cujo apoio é obtido mediante acordo.
Questionado sobre o relatório preliminar da CPI da reforma da Previdência no Senado, que chegou a defender que o déficit é inexistente (o texto dizia que "é possível afirmar, com convicção, que inexiste déficit da Previdência Social ou da Seguridade Social"), Meirelles afirmou que o rombo é um fato baseado em números.
— Se levarmos em conta todos os benefícios previdenciários, a Previdência tem um déficit muito elevado. Isso foi mostrado no Congresso e há auditorias internacionais mostrando isso (...) Temos que garantir que a Previdência e o governo federal não quebrem. Quando todos acreditam nisso, a inflação cai, o juro cai, o país volta a crescer, empregos voltam a ser criados, e isso é relevante. Não adianta prometermos miragem, gerarmos insegurança, porque aí o país volta à crise, o desemprego volta – avaliou o ministro da Fazenda.
Brasil de Ideias
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é o próximo convidado do Brasil de Ideias, ciclo mensal de palestras realizado pela Revista Voto, em Porto Alegre, em uma promoção do Grupo RBS. O evento, para líderes empresariais convidados, vai ocorrer na sexta-feira (10), no Opus One Bussines Center (Avenida Carlos Gomes, 222). Meirelles fará a palestra de abertura. Depois, haverá debate com participação dos presidentes da Riachuelo, Flávio Rocha, da Lojas Renner, José Galló, e da Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, e dos economistas Marcos Troyjo e Aod Cunha. No dia 20, o convidado do Brasil de Ideias será o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).