Em uma das gravações entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR) e que pode anular o acordo de delação premiada da JBS, o executivo Ricardo Saud contou ao dono da empresa, Joesley Batista, que havia entregue R$ 500 mil em uma mala ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), em março passado.
Na época, a JBS já preparava material para usar no acordo de delação premiada com a PGR. O áudio entregue na segunda-feira (4) pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, contudo, indica que a conversa entre Saud e Nogueira não foi gravada, porque o executivo se confundiu e não conseguiu acionar o gravador.
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– Ah não, pelo amor de Deus, não faz isso comigo, não. Eu não perdi essa gravação, não. Eu estava sem óculos... Eu não acredito, não é possível. (...) Não, o que eu conversei com ele ali (Ciro Nogueira) é muito sério, acabou, morreu, derrubou tudo – diz Saud a Joesley.
No acordo de delação premiada, conforme infirmações da Folha de S.Paulo, Saud disse que o senador recebeu R$ 42 milhões da JBS para o PP, incluindo R$ 2,5 milhões em espécie.
Os áudios
Alvo de controvérsias desde que foi firmado, o acordo de delação premiada dos proprietários e executivos do grupo J&F, que mantém o controle da JBS, será revisado. O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (4), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Segundo ele, há indícios de que os colaboradores omitiram crimes que envolveriam integrantes da PGR e do Supremo Tribunal Federal. Se comprovadas as irregularidades, o acordo poderá ser rescindido, mas isso não anula, segundo Janot, as provas já obtidas na investigação.