A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Lava-Jato diz que a propina paga a Aldemir Bendine foi repassada em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – setor que tratava de propinas na empreiteira.
Tudo foi confirmado há poucos meses, em 2017, por um dos operadores financeiros que atuavam junto a Bendine. Tudo disfarçado como suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil, segundo o MPF, por meio de uma empresa de fachada.Como receava ser prejudicado em contratos na Petrobras assim que Bendine assumisse a presidência da estatal, Odebrecht autorizou o suborno.
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O MPF informa que a suposta consultoria – disfarce da propina – não resultou em qualquer resultado apresentado e tampouco foram apresentados contratos escritos que justificassem o valor milionário recebido pelo operador a serviço de Bendine.
Entre as provas complementares constam análises de ligações telefônicas, identificação junto a hotéis de reuniões secretas, análise de cartões de crédito de encontros em restaurantes, colheita de comunicações ocultas por aplicativos de celular que eram destruídas em tempo pré-determinado para apagar os vestígios de crimes, bem como exame de anotações que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Aldemir Bendine.
Chamou a atenção dos investigadores que tributos relativos à consultoria e outros documentos só foram apresentados à Receita Federal dois anos após o negócio firmado. O suborno foi confirmado por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, em depoimentos.
O procurador da República Athayde Ribeiro Costa considera "incrível topar com evidências de que, após a Lava-Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira. Os crimes recentes são a prova viva de que a prisão é necessária para frear o ímpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilhões há mais de década".