No julgamento sobre a delação da JBS, o ministro Gilmar Mendes voltou a distribuir críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a protagonizar bate boca no plenário do STF. Desta vez, a contenda foi com Luís Roberto Barroso, sobre a possibilidade de revisão dos benefícios acordados pelo Ministério Público nas delações.
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A discussão teve como pano de fundo a gravação feita pelo empresário Joesley Batista da conversa com o presidente Michel Temer em março passado, no Palácio do Jaburu, usada no inquérito que investiga o peemedebista. Gilmar questionou a condição em que o diálogo foi gravado, fora de uma das ações controladas do acordo, o que poderia anular a prova.
– A Folha de S.Paulo sustenta que a gravação foi combinada previamente com o Ministério Público e que houve treinamento. Vamos dizer que se prove esse fato a posteriori – disse Gilmar, para irritação de Janot, que estava a uma cadeira de distância.
– O colaborador premiado não tem culpa, ele seguiu a autoridade pública – retrucou Barroso, para quem eventual irregularidade não poderia invalidar a delação como um todo.
– Essa é a questão que vai ser posta – insistiu Gilmar.
– Estou dizendo que já não concordo. Todo mundo sabe o caminho que isso vai tomar. Sou contra. Todo mundo sabe o que se quer fazer aqui e lá na frente – rebateu Barroso, dando a entender que haverá uma tentativa de aliviar Temer.
– Essa é a posição de vossa excelência, deixe os outros votarem. E respeite o voto dos outros – irritou-se Gilmar.
– Estou plenamente respeitando o voto dos outros. Agora, não pode ser: Ah, se vou perder, então, vou embora – afirmou Barroso.
O pugilismo verbal entre os ministros foi encerrado pela presidente da Corte, Cármen Lúcia.