O empresário Marcelo Odebrecht afirmou, em delação premiada à Lava-Jato, que a Odebrecht contratou, no âmbito de obras em Angola financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa do sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues, a pedido do ex-presidente. De acordo com o ex-mandatário da empreiteira, o parente do petista criou a Exergia sem ter experiência na área de construção e somente para fazer uso da influência de Lula.
Além do depoimento de Marcelo Odebrecht, a deleção de executivos da empresa – Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Antônio Carlos Dahia Blando e Ernesto Sá Vieira Balardi – embasou petição do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro relator da Operação Lava-Jato. O Ministério Público Federal pediu para que o caso fosse encaminhado à Justiça Federal e à procuradoria da República no Paraná.
O ex-presidente Lula já é réu em processo, acusado de intermediar contratos para a empresa do sobrinho com a Odebrecht, em obras realizadas em Angola, com financiamento do BNDES. Taiguara Rodrigues criou a empresa Exergia em 2009 e chegou a receber R$ 20 milhões, entre o ano de fundação da empresa e 2015.
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Além de ser acusado de intermediar os contratos para o sobrinho, Lula também foi denunciado por atuar junto ao BNDES para a liberação dos financiamentos das obras em Angola. O caso está sob julgamento do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.
"Serviços"
"Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam que o Grupo Odebrecht, entre os anos de 2011 a 2014, teria contratado a empresa Exergia, de propriedade Taiguara Rodrigues (sobrinho do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva), objetivando prestação de serviços em Angola.
Esclarecem, nesse contexto, que a referida contratação constituiria atendimento a pedido formulado pelo próprio ex-presidente, acrescentando que a empresa Exergia não detinha experiência no ramo de construção e seria constituída por Taiguara Rodrigues tão somente para fazer uso da influência do ex-presidente da República.", afirma Fachin.
Acolhendo pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro relator da Operação Lava-Jato no Supremo deferiu o pedido da PGR para encaminhar as delações à Seção Judiciária do Paraná e à Procuradoria da República do Paraná.
"Toda investigação deverá ser mantida em sigilo até 3 de maio de 2017", determinou Fachin.
Defesa
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou na quarta-feira, por meio de nota, que os delatores fazem "acusações frívolas, pela ausência total de qualquer materialidade".
– O que há são falas, suposições e ilações, e nenhuma prova. As fantasiosas condutas a ele atribuídas não configuram crime – disse o defensor do ex-presidente.
*Estadão Conteúdo