O relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Arthur Maia (PPS-BA), disse, nesta quinta-feira, que irá apresentar seu parecer na primeira semana de abril, ao final do período de audiências públicas na comissão especial. Segundo ele, com o prazo estendido para a apresentação de emendas até a sexta-feira, o trabalho do relator será fazer uma triagem dessas propostas por assunto. Ele citou o grande volume de emendas em alguns eixos, como a previdência rural e as regras de transição.
– Mas o parecer do relator não é definitivo. Não cabe ao relator dizer o que vai mudar porque isso depende do entendimento entre os deputados. Eu não sou dono do projeto. Sou o relator. Mas tenho certeza de que construiremos um texto capaz de salvar a Previdência – disse Maia.
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O relator lembrou que cada mudança na Previdência tem um preço e constatou que reformas de previdência são polêmicas em todos os lugares do mundo. Sem citar o governo, ele pediu calma de quem tem cobrado celeridade na aprovação da reforma e reforçou a necessidade de que o rito do Congresso e o processo de negociação entre os parlamentares seja respeitado.
Arthur Maia disse ainda não ser influenciado por manifestações contra a reforma e avaliou que o assunto precisa ser tratado com menos discursos políticos e mais seriedade.
– Não sou influenciado por manifestações. A reforma da Previdência não vai ser impedida no grito. Quem quiser debater com seriedade e respeito pode me procurar que estou disposto ao diálogo – completou.
Ainda assim, o relator admitiu que o governo e os parlamentares favoráveis à reforma estão perdendo a guerra da comunicação e acusou grupos contrários à PEC de propagarem mentiras de maneira repetida, o que, segundo ele, é uma "prática nazista".
– A batalha da comunicação tem que ser travada e a grande trincheira são as redes sociais. Precisamos acabar com as mentiras de que os brasileiros não conseguirão se aposentar ou terão que trabalhar 49 anos para isso – afirmou.
Acusações
Arthur Maia rebateu as acusações do deputado Robinson Almeida (PT-BA), que pedirá o seu afastamento da relatoria pelo fato dele ser sócio de um posto de gasolina, que deve R$ 150 mil à Previdência, e pela campanha do relator ter sido financiada pela Bradesco Vida, que é entidade de previdência complementar. Arthur Maia chamou Almeida de "inexpressivo" e fingiu não conhecer o deputado.
– Trata-se de um trigésimo suplente da Bahia, que o povo rejeitou nas urnas e que eu nem sabia que era deputado. Ele quer ter cinco minutos de fama, mas não será às minhas custas – respondeu.
Sobre as acusações, o relator alegou não haver nenhuma incompatibilidade para exercer seu trabalho com a PEC. O deputado garantiu nunca ter favorecido nenhuma das empresas que fizeram doações às suas campanhas, que ele ressaltou serem legais.
E sobre a dívida da empresa, o deputado afirmou que não a administra e informou que o débito está sendo pago em dia, de maneira que o saldo remanescente é muito menor do que os R$ 150 mil.
*Estadão Conteúdo