O presidente nacional do PMDB e líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (RR), disse, nesta quarta-feira, que a saída do assessor especial do Palácio do Planalto, José Yunes, ocorreu para evitar qualquer tipo de "pseudo constrangimento" ao presidente Michel Temer ou ao Executivo.
– Ele pediu para sair exatamente para que não se gere nenhum tipo de desconfiança ou qualquer problema para o governo – disse Jucá.
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Fiel aliado do governo, o senador disse que Yunes estava colaborando e que não precisa de emprego público para continuar colaborando com o governo.
– Na hora em que surge qualquer assunto que pode constranger o governo e o presidente, como ele tem posição de inteira liberdade e independência, pediu para sair – explicou.
Yunes deve voltar a ocupar a presidência do PMDB na cidade de São Paulo.
O senador negou desgaste com o episódio e rechaçou qualquer irregularidade que possa ser imputada contra o ex-assessor especial. Na avaliação de Jucá, a decisão dele é pessoal, precisa ser respeitada e "aplaudida" porque Yunes entendeu que ajudaria mais saindo.
O discurso de Jucá foi acompanhado pelo líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP).
– Ele já deixou claro que não teve nenhum tipo de recebimento – declarou.
O deputado disse que o pedido de demissão "mostra claramente que ele não tem nada a ver com tudo isso". Baleia ressaltou que Temer também já deixou "claro" que a "possível doação" ao partido foi legal.
Padilha e Moreira Franco
Após almoço com o presidente Michel Temer, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário Moreira Franco, Jucá negou que os principais aliados do presidente da República tenham a intenção de entregar carta de demissão.
Ele afirmou que ambos têm a confiança do presidente e que cabe a Temer decidir quem entra ou sai de seu governo.
– Não é nenhum tipo de notícia armada, pressão indevida ou tentativa de desestabilização que levará o presidente a fazer mudanças no seu ministério sem ele querer – declarou.
O senador disse que no almoço foi discutido como vão encerrar o ano de forma vitoriosa, seja no esforço da votação do Orçamento ou das medidas de interesse do governo. Jucá relatou que Temer está tranquilo e disposto, com o governo funcionando "a pleno vapor". O líder disse que não tem mini pacote a ser apresentado amanhã, mas sim medidas que o governo está estudando há algum tempo e que gostaria de ver implementadas. Jucá afirmou que amanhã pela manhã vão concluir as medidas administrativas e econômicas que vão ajudar na recuperação da atividade econômica. O senador não quis antecipar os pontos que serão apresentados.
Vazamentos
O senador disse ainda que o partido não vai dar curso a nenhuma medida jurídica questionando o vazamento das delações dos executivos da Odebrecht. O peemedebista – citados nas delações – disse que cabe ao Ministério Público ser célere nas investigações, provar as acusações, e tirar "a suspeição generalizada da classe política".
– Não é possível ficar se vazando toda semana alguma coisa criminosamente exatamente para desestabilizar o governo – comentou.
Jucá aparece nas delações mais recentes com o apelido de Caju.
– Não me sinto um caju, não sei de onde tiraram isso – respondeu ao ser questionado sobre a alcunha.
O senador preferiu não comentar o teor da delação do ex-executivo Cláudio Mello Filho.
Nesta tarde, a Executiva do PMDB se reuniu para discutir as bandeiras e a gestão do partido no próximo ano. Também decidiram divulgaram uma nota de pesar sobre o falecimento do arcebispo emérito de São Paulo, D. Evaristo Arns. Ficou acertado que a mudança do nome do partido para MDB será discutida nos Estados e nos diretórios municipais.
*Estadão Conteúdo