Após a aprovação do pacote de medidas contra a corrupção na comissão especial da Câmara dos Deputados, líderes de praticamente todos os partidos – com exceção da Rede e do PSOL – vão tentar derrubar o texto do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e aprovar um projeto substitutivo no plenário da Casa.
A votação está prevista para ocorrer nesta quinta-feira. O novo texto deverá incluir as duas medidas que ficaram de fora do pacote aprovado: a anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e a previsão de punir magistrados e integrantes do Ministério Público Federal (MPF) por crime de responsabilidade.
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– Vamos votar um substitutivo que muda bastante o conteúdo do texto, muda quase tudo, cerca de 70% – disse o deputado Vicente Cândido, vice-líder do PT e próximo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Segundo o deputado, há um acordo para que o texto siga "de imediato" para ser apreciado no Senado, para, em seguida, ser sancionado pelo presidente Michel Temer (PMDB). Cândido, no entanto, negou que a pressa exista por conta da expectativa da homologação das delações dos executivos da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava-Jato.
Para justificar a aprovação de um texto mais favorável à classe política, deputados alegam que o relator das medidas anticorrupção descumpriu o acordo com os líderes e votou um texto diferente do que foi acertado com as bancadas.
Maia nega que haverá anistia ao caixa 2
O presidente da Câmara deixou a Casa por volta das duas da manhã dizendo que não conhecia o texto aprovado e que, por isso, não sabia dizer o que iria acontecer durante a votação do pacote no plenário. "Eu não vi o texto, então não posso dizer o que vai ser aprovado."
Maia também negou que haverá uma anistia aos políticos que praticaram caixa 2 e defendeu a tese de que, como o crime passará a ser tipificado somente após a aprovação da proposta, não há como punir quem praticou atos dessa natureza antes.
O pacote das medidas anticorrupção foi aprovado por unanimidade na comissão (30 a zero). A votação foi concluída somente depois da meia-noite. Por conta do horário, Maia desistiu de votar o texto no plenário na madrugada desta quinta-feira.
A sessão foi suspensa, mas os principais líderes da Casa continuaram no gabinete de Maia discutindo que estratégia adotar diante do texto que foi aprovado no colegiado.