Apesar do empenho de senadores como Kátia Abreu (PMDB-TO) e de derradeiras tentativas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as últimas negociações no processo de impeachment no Senado não conseguiram adquirir um ritmo favorável às pretensões dos aliados de Dilma Rousseff. A maioria das posições estão sedimentadas e as tentativas de virar votos são restritas e localizadas.
O núcleo do governo interino de Michel Temer, que acertou as projeções de placar nas votações anteriores, segue contando com o apoio de 59 a 61 senadores para o impeachment. É a previsão do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Para afastar Dilma definitivamente são necessários 54 votos. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo apontava, às 23h, 55 senadores contra a presidente. Folha de S.Paulo contabilizava 54 votos pelo afastamento e O Globo, 53.
Com mais trânsito entre os seus pares do que os petistas, Kátia dedicou atenção ao senador Acir Gurgacz (PDT-RO). Na votação anterior, ele foi favorável ao relatório de Antonio Anastasia (PSDB-MG), com atribuição de crime de responsabilidade a Dilma. Na terça-feira, da tribuna, fez um discurso inconclusivo e não revelou como vota. Enquanto esteve no plenário, o pedetista teve a peemedebista ao pé do ouvido permanentemente.
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Na Comissão Mista de Orçamento (CMO), Acir emitiu parecer favorável à aprovação com ressalvas das contas de 2014 de Dilma – parte do embasamento para o impeachment. Ele pende para o lado de Temer ao dizer que o processo também é político e ao questionar se a petista ainda reúne condições de governabilidade. Incógnita que deverá se desfazer somente na hora da votação, na manhã desta quarta-feira.
Outra preocupação dos aliados de Dilma era manter o apoio de Telmário Mota (PDT-RR). Ele ameaçou trocar de barco, mas anunciou que ficará até o final do lado da presidente afastada. Lula se reuniu, no hotel em que está hospedado em Brasília, com o ex-presidente do PR e ex-deputado Valdemar Costa Neto.
A tentativa é usar a liderança de Valdemar para contar com os votos do PR, bancada de quatro senadores. A dificuldade é que três deles já declararam posição favorável à deposição. O fiapo de esperança dos aliados de Dilma é virar dois ou três votos que possam criar um clima de mudança à última hora, capaz de influenciar outros. Até agora, isso não aconteceu.
– Podemos perder, mas será uma vitória de Pirro. Em breve, o povo brasileiro vai falar de novo e dizer que não aceita que a elite brasileira faça do nosso povo habitante da senzala – afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), antevendo a derrota.