Após uma sessão que durou cerca de seis horas, parlamentares decidiram que o novo presidente da Câmara dos Deputados será Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia venceu Rogério Rosso (PSD-DF) no segundo turno da votação, pelo placar de 285 a 170 votos, que adentrou a madrugada desta quinta-feira. O deputado comandará a Casa nos próximos sete meses, no chamado mandato-tampão, que vai durar até fevereiro de 2017.
Maia tomou posse imediatamente. Ele agradeceu ao líder do PT na Casa, Afonso Florence (BA), pela "confiança". O novo presidente da Câmara também agradeceu à família e chorou. Maia afirmou que terá muito trabalho a fazer e que tem de pacificar o plenário.
De acordo com o novo presidente da Casa, não é só do governo que vêm boas ideias e cada deputado tem de ser ouvido. Após o discurso de posse, Maia encerrou a sessão e convocou uma outra, não deliberativa, para esta quinta-feira, às 14h.
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Cerca de uma hora e meia depois de a sessão ter sido suspensa, os parlamentares iniciaram o segundo turno da votação. Por ordem alfabética, Maia e Rosso tiveram dez minutos cada para falar no plenário. No intervalo, eles circularam de liderança em liderança negociando apoio para as suas candidaturas. Em seu discurso, Maia buscou agradar governistas e oposicionistas. Ao falar do seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, e lembrar da Constituinte, o parlamentar citou políticos de nomes de diversos partidos, como Ulysses Guimarães, fundador do PMDB, Mário Covas, fundador do PSDB, e José Genoino, do PT.
Maia afirmou que foi muito criticado no início da disputa por ter buscado apoio de partidos da esquerda, mas defendeu a unidade da Casa. Ele também aproveitou para rebater críticas dos bastidores de que é antipático e adotou um discurso de aproximação, dizendo que é igual a todos.
– Dizem que o Rodrigo não sorri, mas o Rodrigo cumpre palavra, Rodrigo é leal, acho que isso é que é determinante para o mandato parlamentar. Se eu sentar naquela cadeira eu serei só um de 513, nós vamos comandar essa cada juntos. Quero acabar o império dos líderes, porque os líderes são importantes, mas todos tem que ter oportunidade de falar – disse.
Maia afirmou ainda que o momento é de crise e que a Câmara enfrentará "projetos difíceis" e que o futuro líder da Casa precisará ter "responsabilidade independente de ser governo e oposição".
Antes do discurso, Rosso convidou Maia para subir na tribuna e eles se abraçaram.
– Quero dizer que, é claro, quem senta naquela cadeira não é uma pessoa, somos todos nós. De fato é um mix de emoção, ansiedade, mas de convicção, de que é esse Parlamento que vai enfrentar com altivez e coragem as reformas estruturantes que sabemos que o Brasil precisa – disse Rosso.
Rodrigo Maia tem 46 anos e é filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (DEM). Nasceu em Santiago do Chile, no dia 12 de junho de 1970, durante o exílio de seu pai. Ele integra um bloco informal dos chamados governistas independentes. Além do DEM, fazem parte do grupo PSDB, PSB e PPS. Maia está em seu quinto mandato consecutivo como deputado federal.
No início da gestão Temer, Rodrigo Maia foi cogitado para a liderança do governo na Câmara, mas acabou preterido em favor do líder do PSC, André Moura (SE). Integrante da "tropa de choque" de Eduardo Cunha, o deputado sergipano foi uma imposição do Centrão, bloco parlamentar informal formado por 13 legendas a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Maia foi indicado por Eduardo Cunha para relatorias importantes durante seu mandato, como a da reforma política.
* Zero Hora e Estadão Conteúdo