Em evento para defender seu mandato em Aracaju (SE), a presidente afastada Dilma Rousseff reiterou suas críticas ao governo interino e se mostrou contrária ao projeto educação sem partido, que supostamente defende a "neutralidade política, ideológica e religiosa" nas escolas.
– Eles têm uma pauta ultraconservadora – disse. – A educação sem partido é na verdade o coroamento dessa visão – afirmou, ressaltando que o projeto impedirá que as escolas formem cidadãos pensantes.
– Querem nos transformar num bando de carneiros. Isso é a educação sem partido.
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Dilma disse ainda que o processo de impeachment "sem crime" é machista e que ela se inspira nas mulheres anônimas brasileiras "que lutam todos os dias".
– Eu não vou deixar de lutar – afirmou.
A presidente afastada disse que com mobilização é possível persuadir os senadores para votar contra o seu afastamento definitivo.
– Somos capazes de convencer, temos argumentos, a razão está do nosso lado, a democracia está do nosso lado – disse. – Por fim, eu quero dizer que vou lutar para reverter o julgamento no Senado, mas eu tenho certeza de que a força do povo brasileiro é possivelmente o mais forte argumento que nós temos para colocar na mesa. A mobilização, a força e a firmeza de vocês são cruciais nesse processo que vai daqui até o dia da votação do mérito (do impeachment) – afirmou.
Dilma completou dizendo que "eles não têm como se defender do crivo e do julgamento da história".
– Uma vez traidor sempre traidor.
Como tem feito em todos os seus discursos desde que foi afastada, Dilma disse que os tempos são "muito difíceis" e que o "golpe" em curso no Brasil não usa tanques nem armas, mas a mentira.
– Eles não estão me julgando por um crime. Eles mesmos se confundem, não só a pericia do Senado me inocentou, mas me inocentou também o próprio Ministério Público Federal, mas isso pra eles pouco importa – disse. – O que importa que é me afastar da presidência.
*Estadão Conteúdo