A força-tarefa da Lava-Jato vai pedir ao juiz Sergio Moro a alienação de dois imóveis ligados ao ex-ministro José Dirceu e aos seus familiares e que já foram bloqueados pelo juiz no decorrer da Lava-Jato. Na prática, o ex-chefe da Casa Civil no governo Lula, condenado na Lava-Jato a 20 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, agora pode perder a posse de ao menos dois imóveis na capital paulista que teriam sido utilizados para a lavagem de dinheiro no esquema de corrupção da Petrobras.
Com a alienação, os bens passam a ficar sob responsabilidade da Justiça e podem ser utilizados para quitar a indenização de R$ 46,4 milhões que Dirceu e os outros oito condenados na mesma ação penal que ele devem pagar. O valor corresponde às propinas pagas pela Engevix a ex-funcionários da diretoria de Serviços da estatal e agentes públicos. Atualmente os executivos da empreiteira negociam um acordo de delação premiada.
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Dentre os imóveis que os procuradores querem alienar está um imóvel na rua Assungui, nº 971, Saúde, São Paulo/SP, que está em nome da filha de Dirceu, Camila Ramos de Oliveira e Silva. Além disso, há também um apartamento na rua Estado de Israel que estava em nome do irmão do petista, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, também condenado na Lava-Jato, mas foi transferido para duas empresas.
"Diante da dificuldade de manutenção e administração dos bens, o Ministério Público requererá a alienação antecipada", afirma a petição encaminhada pelo procurador da República Januário Paludo, da força-tarefa da Lava-Jato. Para os investigadores, os dois imóveis foram adquiridos pelos familiares do ex-ministro com dinheiro de propina do esquema da Petrobras.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Dirceu para comentar o caso.
*Estadão Conteúdo