Com a decisão do Supremo Tribunal Federal de rejeitar a denúncia contra o deputado José Otávio Germano (PP) por envolvimento na fraude do Detran, toda a Operação Rodin corre o risco de ser anulada. Os advogados dos réus esperavam por esse julgamento para entrar com ações pedindo a nulidade do processo. O argumento é de que, como José Otávio tinha prerrogativa de foro, todos os acusados teriam de ser julgados em Brasília, como ocorreu como mensalão.
Além do placar de 6 a 1 pela rejeição da denúncia, José Otávio comemorou o conteúdo dos votos de cada ministro e as críticas ao trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da juíza Simone Barbisan Fortes. Como Simone pediu transferência para Florianópolis sem concluir o processo, os advogados vão tentar anular todo o trabalho.
A defesa de José Otávio, comandada desde o início pelo advogado José Antônio Paganella Boschi, se baseou no fato de que ele não poderia ter sido investigado sem autorização do Supremo e, no entanto, teve os sigilos quebrados. Quando surgiram os boatos sobre seu envolvimento, o deputado fez um pedido de informações sobre o que existia contra ele. A juíza e o Ministério Público Federal responderam que não havia nada.
Quem tornou públicos os indícios contra ele não foi o MPF nem a PF, mas o Ministério Público Estadual, numa entrevista com apresentação de documentos e gravações.
Ontem, quando Gilmar Mendes deu o quarto voto pela rejeição da denúncia, José Otávio levantou do sofá em que assistia à sessão pela TV e ligou para o pai, o ex-vice-governador Otávio Germano.
- Eu devia isso a ele e à minha família, que sofreu nestes cinco anos e meio de pesadelo. Eu não tinha como me defender porque não havia uma acusação formal - desabafou no final da tarde de ontem.
Com 50 anos completados em 21 de abril, José Otávio define o dia 2 de maio como o dia do seu renascimento político.