Vereadores de Porto Alegre e deputados estaduais estão testando a paciência dos eleitores e expondo sua incoerência no debate sobre a criação de CPIs para investigar a fraude nas licenças ambientais. Embora a Operação Concutare atinja tanto o governo estadual quanto a prefeitura de Porto Alegre, vereadores de determinados partidos adotam um comportamento na Câmara e os deputados optam por outro.
Proposta pelo PSOL, a CPI da Câmara empacou nas 11 assinaturas (são necessárias 12): cinco do PT, duas do PSOL, duas do PSD e duas do PC do B. E como se comportam o PT e o PC do B na Assembleia? Não querem nem ouvir falar de CPI. Os deputados do PT usam o mesmo argumento do prefeito José Fortunati (PDT): se já existe uma investigação na Polícia Federal, a CPI é desnecessária. Esse argumento não servia, naturalmente, quando o PT era oposição e conseguiu emplacar a CPI do Detran, no governo de Yeda Crusius.
Na Assembleia, a proposta tem apenas nove das 19 assinaturas necessárias. São seis deputados do PSDB, dois do PTB e um do DEM. Algum vereador desses partidos assinou a CPI na Câmara? Não, porque todos são aliados de Fortunati, que escalou o vice, Sebastião Melo, para abortar a investigação na Câmara. O PMDB, partido de Melo e do ex-secretário Luiz Fernando Záchia, ameaça assinar a CPI na Assembleia. E o PP, outro aliado de Fortunati que na Câmara não quer saber de investigação, acena com a possibilidade de dar a assinatura derradeira na Assembleia, quando estiver faltando apenas uma.
O PDT, pelo menos, não pode ser acusado de incoerência: implodiu a CPI na Câmara e decidiu não assinar na Assembleia. A orientação da executiva é que deputados e vereadores devem esperar os desdobramentos da investigação da Polícia Federal.