Centenas de pessoas se aglomeram no entorno do Comando Militar do Sul (CMS), no centro de Porto Alegre, nesta terça-feira (15), feriado de Proclamação da República. Desde o começo da manhã, manifestantes a pé, de carro e até em ônibus fretados chegam ao local para reforçar o protesto contra o resultado da eleição presidencial.
Com o aumento da movimentação, além da Avenida Padre Tomé (bloqueada entre as ruas Siqueira Campos e Andradas), a Rua Sete de Setembro foi ocupada, impedindo a passagem de veículos. Um caminhão de som também está na via. Ainda é possível circular na Siqueira Campos.
Apesar de não interrompidas, as vias no entorno da Padre Tomé têm grande movimento de pedestres, o que exige atenção dos motoristas. EPTC e Brigada Militar acompanham a movimentação.
Até garagens do CMS estão bloqueadas por faixas que apelam por intervenção militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil. Elas são retiradas e recolocadas quando alguma viatura precisa sair do prédio. Os manifestantes bradam gritos como "SOS, Força Armada, SOS, Força Armada!". O Hino Nacional também pode ser ouvido no local.
A tarde é marcada por grande concentração de pessoas. Entre os grupos, há muitas crianças e idosos. Muitas famílias vindas do Interior também participam.
Vias bloqueadas
Os órgãos públicos responsáveis por cumprir decisão judicial para desbloqueio de todas as vias obstruídas por manifestantes contrários à eleição devem esperar até quarta-feira (16) para tomar providências. Na sexta-feira (11) da semana passada, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE ), Alexandre de Moraes, reforçou a decisão de desbloqueio de todas as vias ocupadas por manifestantes pelo país.
No mesmo dia, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu uma recomendação para a prefeitura de Porto Alegre tomar providências quanto ao desbloqueio das vias próximas ao Comando Militar do Sul. O entendimento da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão é que cabe ao poder público municipal o desbloqueio, podendo o mesmo acionar as forças policiais, se entender necessário. Horas depois, um policial militar esteve no acampamento montado na Rua Padre Tomé e disse que os manifestantes teriam que deixar o local até a meia-noite, o que não ocorreu e nenhuma providência foi tomada.
No sábado (12), a prefeitura enviou ofício com resposta ao MPF e ao Governo do Estado. O Executivo municipal entende que cabe às forças policiais ostensivas, de responsabilidade do Piratini, o desbloqueio das vias.
Oficialmente, a Secretaria Estadual de Segurança diz que ainda não recebeu o ofício da prefeitura. O feriadão seria o impeditivo, uma vez que, passado o final de semana, segunda-feira (14) não teve expediente devido ao feriado transferido do Dia do Servidor Público e nesta terça-feira (15) é feriado da Proclamação da República.
“Em relação ao bloqueio pontual ainda existente na quadra em frente ao Comando Militar do Sul, na Capital, o MPF notificou a Prefeitura de Porto Alegre a apresentar informações, ao que se necessita aguardar para alinhar eventuais medidas”, diz um trecho da nota. A pasta também informa que “tão logo recepcione o referido documento, o Estado irá avaliar os termos presentes para dar à devida sequência ao alinhamento institucional para atuação integrada, como se tem conduzido por meio do Gabinete de Crise”.
Procurada, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana informa que “com a ampliação da manifestação, a EPTC faz os desvios necessários para garantir a segurança viária e reduzir o impacto na mobilidade e segue o protocolo, informando a Brigada Militar sobre o bloqueio das vias”.
Por meio da assessoria de imprensa, o MPF informa que vai analisar os dados desta terça-feira para, assim que receber, “adotar alguma medida específica contra quem está financiado os movimentos antidemocráticos”.
GZH aguarda uma posição do Ministério Publico do Rio Grande do Sul.